quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Coisas (novas!) pra te dizer.

Eu gosto muito de você! Hoje de um jeito diferente do de antes. Com menos... intensidade, entende? Hoje eu gosto de você porque você é a melhor lembrança da pessoa que eu fui e eu gostava muito de ser ela. Depois que você foi embora e gostar de você passou a ser proibido, eu virei uma outra. De quem eu também gosto. Um pouco. Mas aquela era eu, essa é uma pseudo-adulta que eu ainda tenho dificuldade de reconhecer no espelho. Essa coisa de ter passado dos dezoito me deixou um pouco pirada. E ser pirada depois dos dezoito não é mais bonitinho. É só piração mesmo, e eu tenho que conviver com isso. Esse item também faz com que eu goste mais de quem eu era com você por perto. Mais nova, mais feliz....
Hoje eu já nem penso mais na sua volta, na minha volta. Ficou em um passado um pouco distante já, junto com o meu antigo eu, o seu antigo você. Ficou preso lá tras com as pessoas que fomos e hoje não lembram em nada as pessoas que somos. Pelo menos, não eu. Condenei muitas e muitas vezes a sua ida, hoje em dia até dela eu gosto. Não que se eu pudesse voltar no tempo e escolher, escolheria que você fosse. Mas se sua ida foi inevitavel, hoje eu vejo o quanto aprendi com ela. O quanto aprendi com a sua ausência. Porque você, pra mim, sempre foi o refugio dos problemas, o porto seguro da loucura que era minha vida aos 14l15 anos. E depois que você foi embora eu tive que encarar tudo de frente, sem ter pra onde fugir. Fiquei mais forte. Menos dependente, refém... Fiquei asmática nível mil também, tudo tem um preço. Mas até as minhas crises de asma melhoraram de um tempinho pra cá. Amadurecer tem algumas vantagens. O desespero de te ver cada vez mais longe passou, e quando isso aconteceu eu pude te ter um pouquinho mais perto. Eu gosto disso de poder falar com você de vez em quando. Faz a menininha que tá escondida dentro de mim dar umas piruetas de alegria. É isso que me faz gostar muito de você, ainda. O jeito como você mexe com ela... Porque eu não penso na sua volta, mas a minha menina sempre vai guardar esse desejo.
É ela - a menina que sempre vai ser apaixonada por você - que faz com que as vezes eu queira te ver, te abraçar... Te falar tantas coisas. Inclusive isso: eu gosto muito de você! Hoje sem as bebedeiras que me fizeram passar vergonha, ou sem a choradeira que me atingia cada vez que eu tentava falar seu nome. Você precisava ver como era! Ridiculo, mas inevitável.... Agora eu falo seu nome. Falo da gente e digo que toda nossa história valeu a pena. Agora eu consigo ser leve, fazer piada com você e te achar engraçado tentando me por ciumes. Eu sempre vou sentir ciumes de você, sabia? Sempre mesmo. Mas agora até isso eu sei controlar. Não passo mais a noite toda chorando de ciumes, desejando a morte alheia e coisas parecidas. Eu só sinto ciume na hora e depois esqueço. Porque você tem direito, elas tem direito... É só que você sempre vai ser um pouco meu. Eu sempre vou ser um pouco sua. Mesmo quando eu tiver marido e filhos... se eu te encontrar na rua, vou sentir que somos um pouco um do outro. Primeiro amor tem dessas coisas.
No fim das contas, você foi mais adulto que eu. Soube absorver tudo, deixar pra lá ou perdoar. Eu fiquei tempo demais parada no mesmo lugar e, olhando pra lá agora, vejo o quanto isso me fez mal. Só que eu nem sei direito quando, as coisas mudaram. Hoje em dia eu gosto muito de você, mas eu gosto muito mais de mim e das possibilidades. É isso, sabe? A vida tem infinitas delas e eu precisei aprender a estar aberta pra todas. Você sempre vai ser você na minha vida, e eu tenho certeza que sempre vou ser eu na sua. Mas as possibilidades existem e ser madura (que saco!) me fez entender que você não errou quando as abraçou.
Hoje eu acordei com vontade de te contar tudo isso, de te falar que a mulher que eu tô virando adora você, adora nossas lembranças... E que a menina desesperada e apaixonada agora tá guardada aqui dentro. Não precisa ter medo de fazer parte da minha vida mais. Tá tudo bem agora.




(Comecei esse texto em outubro passado, mas nunca me achei gente grande o suficiente pra termina-lo, hoje eu consegui. Um viva pra mim!)

2 comentários:

  1. Tinha mais de um ano que eu não assumia o meu pseudo-amor pelo meu pseudo-eterno namorado/marido/melhor amigo. Eu tinha feito todo mundo acreditar, e até eu tinha acabado acreditando também.
    Mas você me mostra que eu não preciso ter vergonha disso. Você me expõe aqui e eu acabo confessando tudo, as coisas que até eu não sabia que sentia, acabo despejando aqui, como se elas se tornassem mais evidentes vendo o quanto de amor que você sente. Aí eu vejo o quanto de amor que eu sinto.
    Ai ai.. Culpa sua Jess! HAHHAHAHAHAHA

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  2. "É só que você sempre vai ser um pouco meu. Eu sempre vou ser um pouco sua. Mesmo quando eu tiver marido e filhos... se eu te encontrar na rua, vou sentir que somos um pouco um do outro." Lindo, quase chorei lembrando do meu passado...

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