terça-feira, 7 de setembro de 2010
Em um reino tão tão distante...
Eu tinha treze anos e não podia nem cogitar a idéia de como seria a vida sem meu namorado. Porque, entre muitas qualidades, meu namorado era lindo e me dava um abraço que passava a sensação de que nada poderia dar errado no mundo. A gente foi crescendo e meu namorado foi ficando sempre mais lindo e mais meu. Sorriso lindo, cabelo lindo, olhos lindos... Lindo dormindo, lindo acordado, lindo no banho, na praia, no cinema. Lindo e meu. Eu tinha quinze anos e a certeza de que ninguém, no planeta, era mais feliz do que eu. E meu namorado era o X de toda a questão. Ouvi mil vezes, de mil pessoas, que não deveria depositar toda minha fé nele. Que o tempo passaria e as pessoas poderiam mudar. Meu namorado? Imagina... Ele gosta de mim tanto quanto eu gosto dele. Dá pra saber só de olhar pra gente. Olha como ele é lindo? Podendo estar com quem quiser, ele escolheu tá comigo, sabe? Meu namorado me a-m-a. E ele continou ficando lindo, cada dia que passava mais lindo. Um dia ele ficou tão lindo que explodiu. Deu lugar pra uma outra pessoa. E com quase dezessete meu namorado virou memória e dor. Daí por diante tudo ficou um pouco cinza, mesmo que eu tenha lutado o quanto pude pra colorir todos os dias. Houveram épocas que até respirar era difícil, houveram dias em que ficar bebada era o jeito de ficar em pé. Vieram mil finais de semana trancada no quarto. Outros mil sem quase aparecer em casa. Vieram loucuras que eu nem me vejo fazendo. Veio a burrisse de quem ama tanto que fica cego. Meu namorado volta. Se eu me comportar, ele volta. Meu namorado volta se eu aprontar bastante. Meu namorado volta se eu ficar loira. Se eu ficar morena. Se eu vomitar minha alma e ficar magra. Se eu... Meu namorado nunca voltou. E nem volta. Porque meu namorado nunca foi embora. Ele mora dentro de mim. Guardado no lugar mais bonito das minhas memórias. Com o maior carinho do mundo em volta. Mas quando a gente aceita que as coisas só acontecem quando têm que acontecer, a gente entende que nem tudo vai ser sempre como a gente quer. Meu namorado não existe mais fisicamente. Mas quando eu preciso acreditar que nada no mundo pode dar errado, eu fecho os olhos e lembro do abraço dele. Meu namoro não durou pra sempre e eu, realmente, poderia ter depositado menos fé em tudo o que vivi, mas aí tudo teria sido menos mágico e toda menina de treze anos merece acreditar que encontrou seu principe encantado. Mesmo que depois ele vire lenda. Meu namorado é assim agora: a história mais linda que eu tenho pra contar. E sempre meu. No reino das boas lembranças.
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será que ainda dá pra ter um final feliz pra essa história? Acho que sim.
ResponderExcluirNão um final onde o principe e a princesa são felizes para sempre. mas sim um final onde duas pessoas que se amam tentam ser felizes juntas, apesar de todos os erros, de todos os medos, de todos os enganos. O amor é tão grande que é maior que tudo isso.
Essa história não é de conto de fadas, lá os principes e as princesas são tão perfeitos que chega a irritar. No mundo real são as imperfeições que fazem duas pessoas serem uma perfeita para a outra.
Que maravilhoso texto!!!
ResponderExcluirO final feliz a gente pinta...
beijo
Nossa, adorei. E o título do blog já fala muito por si, bastante inteligente e direto.
ResponderExcluirBeijos, flor!