quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pra Ray.

Acho que eu amei demais. Na hora errada. Foi isso. Eu não tinha nem quinze anos e sentia tento amor aqui dentro, tanta paz de ser amada de volta, tanto carinho. Amei muito, Ray. Mais do que hoje eu consigo me lembrar. Hoje isso tudo que eu falo, tento explicar, é só eco do que eu tive um dia. Se você tivesse me conhecido, ia entender o que eu tô dizendo. Eu... brilhava. Sabe como é? Eu não era satisfeita com tudo, vivia reclamando. Pobre dele, ouviu tanto que eu queria mais carinho, que eu merecia mais atenção. Brigavamos muito. Muito mesmo! Mas, no fim, não importava. A gente tinha um ao outro. Ou eu tinha ele. Não gosto de falar daquele amor todo no plural, porque depois que acabou eu fiquei sem saber se ele também sentia, mas eu senti. E senti do jeito mais inocente do mundo. Amei ele com o coração da criança que eu era. Deve ser por isso que até hoje ainda faz eco em mim. Porque virei adulta, mas minha lembrança do amor é bem infantil.
E também... Ele foi muito meu amigo. Muito mesmo! Durante muito tempo, alias, ele foi o único amigo que eu tive. E depois que ele foi embora, eu fiquei muito sozinha. Claro, tive amigos. Mas tirando você e mais uma, me decepcionei com todos. Mesmo que eu já tenha perdoado todas as decepções que passei, uma vez decepcionado, meu coração não olha mais ninguém do jeito de antes. E ai... Sei lá, acabo sendo só a garota que amou demais um dia, que teve a vida "perfeitinha", que teve um namorado legal e agora.... Nada. Vivo reclamando, né? Vivo querendo demais da vida. Coitada, ela já me deu tanto. Mas é que parece tão errado eu já ter tido, sentido tanta coisa e agora ser só um potinho de decepções.
Sabe o que eu queria? Viajar pra bem longe. Morar lá longe por um tempo. Mudar de vida só um pouco. Me permitir ser outra pessoa, entende? Mas eu fico meio apavorada de começar a querer muito isso. É sempre assim, se eu penso em querer muito alguma coisa, já me apavoro. Tive compulsões demais na vida, não preciso de mais um dose delas. E eu sei que meu cérebro neorótico não vai me deixar em paz se eu cismar com isso. E também, se eu pensar direito, viajar, morar em outro lugar, bem longe... É fugir. Eu já fujo de tanta coisa todo dia. Fujo até da realidade, me tranco no meu mundo toda manhã quando eu acordo, e só saio dele se for realmente necessário. Pra que eu vou gastar energia fugindo mais ainda? Vai acabar sendo o que eu sinto aqui, só que em outro lugar. Eu queria ter força de vontade, ter fé o suficiente pra mudar meu mundo e depois o mundo inteiro. Mas eu sou tão fraquinha, tão medrosa... E tão, tão sem fé em mim que vou deixando o tempo passar. Quando isso tudo começou eu tinha dezessete, já fiz vinte e ainda encontro fastasmas no fundo do armário.
Provavelmente isso tudo é só mais um sintoma da tpm, tenho estado tão chata que nem eu me aguento, mas tá sufocando e eu quase nunca consigo ficar calada quando me sinto assim.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

TPM - Tô Pensando M*rda

Eu já tinha combinado comigo que na TPM eu poderia sofrer pelo que eu quisesse. Desde que eu não escrevesse e nem falasse com ninguém sobre o assunto. Tava liberado sofrer, não regredir. Mas ai além da TPM teve o dia de hoje. Frustrante. Não consegui uma coisa que eu queria muito. Simplesmente porque às vezes não importa o quanto a gente queira uma coisa, ela não acontece e pronto. Juntou minha frustração, com a minha TPM, com mais um monte de "sei lás" que têm me rodeado e ufff.... Cá estou: sofrendo, escrevendo sobre e me sentindo dando dez passos pra tras.
Quando eu me permito sentir essas dores assim, sinto tanta saudade de tantas coisas que eu nem sei se chegaram a serem minhas. É agoniante querer esquecer, querer lembrar, querer ver, querer matar. Uma mistura de sentimentos que acabam virando confusão interna. Tive muitas doses de manipulação na vida. Sempre me achei muito esperta e, no fim, descobri que quase todo mundo me fazia de boba, me passava pra tras com a maior facilidade do mundo. Gente que eu confiaria a vida, gente pra quem eu confiei a única coisa bonita e pura que eu tenho... Meu coração. Dói muito e talvez vá doer sempre que eu me permitir lembrar.
Deveria ser proíbido querer fazer tão mal pra quem te queria tão bem. Mas foi só mal que você me fez. E continuou fazendo depois. Senti muito a sua falta durante tantos dias que nem consigo lembrar de todos.. Senti o mundo todo sendo vazio porque eu não tava no seu abraço. Senti a vida inteira despedaçando porque você tinha me despedaçado. Sofri muito. Mais do que qualquer um achou que eu aguentaria. Mas eu me levantei, cai outra vez, me machuquei, magooei quem não merecia, fugi da realidade, menti pro espelho e pro resto todo. Fiquei louca, fiquei serena, fiquei insana. Perdi mesmo a noção do certo e do errado, quis você a qualquer custo, de qualquer jeito. Queria... Quero. Nunca sei e não importa. Não tenho.
Mas não sou mais uma menininha, sou uma adulta e todo dia eu devo aprender mais um pouco sobre o que é ser adulta. Mas agora tô aqui... Na TPM, frustrada, me permitindo pensar, doer, até derramar umas lágrimas... Sei lá... Quis muitas vezes voltar no tempo pra acertar os nossos erros, hoje se eu pudesse escolher, não teria te conhecido. Porque te perder, eu sempre soube que perderia. Desde o primeiro beijo.


Trilha sonora do dia:

terça-feira, 6 de setembro de 2011

(Sem assunto)

Faz tanto tempo, fulano, tanto tempo que eu já até perdi as contas de quantas vezes ensaiei fazer isso. É impressionante que alguma coisa ainda venha a tona, mas vem. E eu, você sabe, não consigo conter nada. Sempre que eu penso em você, sinto um gosto amargo na boca, uma inquietação na alma e uma coisa estranha em lugares estranhos, sei lá...
Hoje eu percebo que nunca fui mulher o suficiente pra me desprender de você, mas também percebo que você nunca foi homem o suficiente pra me prender toda em você. Durante o nosso amor imenso, que eu sentia sozinha, estive encantada com algumas outras pessoas. E você nunca pareceu se importar. Não enquanto eu evitava o encantamento e me mantinha idolatrando você. Sei que a história de nós dois me transformou em outra pessoa, aprendi muito sobre pensar nos outros. Sempre fui muito egoísta, mas te amava tanto que te colocava no topo da minha lista de prioridades, antes mesmo de mim. No auge das minhas crises de menininha-que-não-admite-ser-deixada-de-lado, apareceram pessoas que me colocavam no mesmo pedestal em que eu colocava você e mesmo que aquilo ameaçasse me distrair, eu sempre voltava inteira pra você. Sem nunca ter deixado de te amar um milímetro que fosse. Acho que você nunca nem percebeu essas coisas acontecerem. Você só se importou de algum jeito, quando viu que eu ia embora. E eu ia mesmo! Você não fazia questão nenhuma de mim, fulano. Eu ia ficar ali pra que? Além disso, eu já tava longe de você fazia tanto tempo que aquele amor imenso que eu sentia parecia estar dormindo dentro de mim. Foi fácil pra outra pessoa se aproximar, me envolver numa história que poderia vir a acontecer. E quando você percebeu, eu já nem queria mais estar do seu lado. Vai entender cabeça de homem?! Mas outra vez eu fui fraca e não consegui me soltar de você. Joguei tudo pro alto, fulano. Tudo! E isso só porque você usou uma frase de efeito qualquer que nem devia ter a intensão de me abalar. E eu quis voltar, eu quis você, eu quis tudo. Você aproveitou. Já te falei isso uma vez e vou falar outra: puro ego ferido. Sem nem perceber eu inflei seu ego e acabei com o meu. Depois disso vieram os últimos três anos... Ganhei quilos de culpa, fulano, quilos! Sofri mais do que achei que alguém fosse capaz de sofrer.
Rezei tanto por você, pedi tanto por você, quis tanto você, chamei tanto você, sonhei tanto com você... Que acabei enjoando de você. Foi só isso que aconteceu de mim em relação a você: enjoei. Nada de maturidade, nada de amor próprio. Só enjoei. Sua ausência me venceu pelo cansaço. Foi terrível conviver com meu estômago embrulhado de você. Foi sofrível querer amar você e me sentir nada por isso. Mas passou. Agora eu sei que te amei muito e provavelmente não vou viver nada parecido com o que tive em relação a você num futuro próximo. Mas também sei que fiquei livre. Os últimos três anos foram infernais, fulano. Infernais! Mas passaram.
Não foi sofrer pelo amor que você não correspondeu que me fez crescer. Crescer que me fez perceber que você nunca mereceu nem um quarto daquele amor. Você foi homem demais em muitas das minhas memórias, mas não homem o suficiente pra me manter presa em você a troco de nada.
Seja feliz, fulano, muito feliz! Se apaixone, se case, tenha filhos, seja bem realizado profissionalmente... Enfim, seja a pessoa mais feliz que você consiga ser. E ainda que isso nunca tenha te interessado, fique sabendo que eu também vou ser. Escandalosamente feliz, na hora certa.
Um beijo e obrigada pelo seu nada que acabou me servindo pra aprender quase tudo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Quando alguma coisa começa a fazer sentido.

Começou aqui e vai continuar agora, é mais ou menos outra dessas coisas aleatórias que eu tenho feito tanto, mas sei lá... Tenho me sentido meio aleatória mesmo. Aleatório é praticamente a palavra do momento. E Elenita a autora da vez no meu coração.
Acontece que eu li e reli esse texto mil vezes pra ver se ele fazia o mesmo sentido que fez de primeira em todas as mil vezes. E ele fez. Comentei. Nunca comento, assim como aqui quase todo mundo lê e não comenta. Sempre penso: vou comentar o que? Nem deve importar o que eu acho. Hoje comentei mais pra mim do que pra ela. Ou pras duas. E fiquei pensando...
Eu sofri tanto com todas as despedidas pelas quais passei. E eu só tenho vinte anos! Mas sofri mesmo. Despedidas são terriveis pra mim. E a pior parte delas é ver a pessoa indo embora de dentro de mim. Perdendo a cor, sabe? Deixando de ser o centro de tudo, tanto faz. Uma vez cismei com a frase "o tempo não cura nada, ele só tira a dor do foco". Mudei de opnião. O tempo cura, sim. O tempo sara, apaga... E faz todos esses milagres que dizem que ele faz. Mas você tem que ter esquecido que tá esperando alguma coisa dele. Mais ou menos isso: O tempo só é amigo de quem não faz cobranças.
E ai que a angústia passa, mas o vazio também angustia e a gente vai fazer o que? É meio que a lei da vida.
Às vezes - ainda - fico assim, pensando em tudo que poderia ter sido, mas não foi porque resolveu ir embora. Já doeu tanto e agora sou serena. O Caio Fernando escreveu o trecho que mais faz sentido agora:


”- Mas porque gosta ‘às vezes’ dele ainda?
- Por gostar. Me apeguei à ele como nunca me apeguei a ninguém… Prendi e não quis mais soltar."

Mas amanhã começa outra semana, e tem um dia novinho pra eu cismar com outra coisa. Talvez alguma que possa ser. Ou que dê errado outra vez. Ando assim, com uns pensamentos aventureiros que me dão uma vontade imensa de... tentar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Diálogo Aleatório.

- Tá se sentindo sozinha?
- Muito.
- Você afastou todo mundo.
- Ficar próxima pra que? Ninguém ali gostava de mim.
- Tá pessimista.
- Tô nada, tô realista.
- Por que você acha que ninguém gostava de você?
- Eu sempre soube, só fechava os olhos. Por tras de tudo tinha algum interesse.
- Interesse?
- É. Sempre me fizeram de bobinha. A bobinha que paga o táxi porque não anda de ônibus de noite, a bobinha que não cobra o dinheiro da cerveja, a bobinha que aceita ir pra qualquer lugar, a bobinha que não encara ninguém porque odeia brigar. A bobinha que só precisa de um pouquinho de atenção e abaixa a cabeça pra qualquer coisa. Pra ter amigo assim, resolvi ficar sozinha.
- Mas você odeia ficar sozinha.
- Odeio.
- Então?
- Eu também odeio que me usem.
- É isso, então? Ou amigos por interesse ou amigo nenhum?
- Acho que é.
- Não confia em mais ninguém?
- Acho que nunca cheguei a confiar. Não nesses.
- Em quem, então?
- Já passou.
- Ah tá. Entendi.
- Não é sobre isso.
- É sobre o que?
- Sobre nada.
- Você ficou cinica muito rápido. Desistiu rápudo. Cansou rápido.
- Cansei disso. Nada surpreende, nada muda. Sempre a mesma ladainha.
- Você nem gosta de mudança.
- Eu também não gostava de como eu tava me sentindo. Foi só uma decisão. Não mudou a vida de ninguém, se você quer saber. Só a minha mesmo. E eu tô melhor assim.
- Certeza?
- Uhun.