terça-feira, 30 de março de 2010

Surpresa.

- Um presente? Uma nova chance? O que você é, me diz?
- Pra que você precisa de resposta pra tudo? Deixa a gente ser.
- Não consigo ser, sem saber o que tô sendo.
- Você vai aprender comigo.
- Você não tá entendendo, eu tô ruim pra caramba de jogo. Não sei mais nada disso. Já tem tanto tempo desde o ultimo.
- Eu não quero jogar com você. Eu só quero que você seja.
- Eu tenho certeza que você vai se arrepender. Até o melhor cara que passou pela minha vida, se arrependeu.
- Se eu me arrepender vai ser no futuro. Para de pensar nele. Aqui e agora, Jéssica, só isso que eu quero.
- E porque esse olho azul, me diz? Para de me olhar assim.
- É só admiração.
- Ninguém me admira, você tá completamente enganado comigo.
- Você vai bater nessa tecla quantas vezes? Eu tô aqui dando a cara a tapa por você, agora, nesse minuto, você tem duas opções: entra nessa comigo e tenta ou vira as costas e me deixa aqui. Eu vou insistir e até vou ser chato, se você escolher pela segunda.
- Eu ainda acho que você vai se arrepender.
- E então?
- Só promete que vai sempre tentar me olhar desse jeito, tá?! Mesmo quando eu tiver muito errada, ou quando você se arrepender e virar meu amigo. Alias, promete que aconteça o qe acontecer, a gente não vai nunca virar estranho um pro outro. Isso dói.
- Já foi fácil um dia, lembra? Sem dor.
- Quase sempre eu esqueço.
- Então, o que eu prometo, é que daqui pra frente nada mais vai doer tanto. Quando a gente divide o peso, tudo melhora.
- Já sei o que você é: uma nova chance embrulhada pra presente!


"....o mundo se abriu quando você entrou,
eu vou fazer por merecer...."

sábado, 27 de março de 2010

Thinking Of You.

Eu queria ter muito mais fotos suas - nossas. Eu queria ter todas, na verdade. Pra que em noites como essa, eu pudesse ficar aqui, olhando, olhando, olhando... E sentindo essa falta gostosinha que me dá de você, as vezes. Não é aquela dor desesperada, que me fez apagar a maioria das nossas fotos e me faz topar qualquer negócio que me dope. É uma saudadezinha calma, de todas as coisas boas que a gente viveu, e que não se importa nem um pouco, em como tudo entre a gente acabou. É só a saudade que eu poderia sentir todos os dias, e não me faria doer. Saudade saudável, digamos assim. Lembraças que me fazem sorrir e não querer cortar os pulsos. Sem lágrimas. E me faz gostar de amar você, até. Mesmo que seja assim, tão de longe, há tanto tempo.
Já faz tanto tempo, também, que eu entendi que tudo que podia acontecer entre a gente, já aconteceu. E que só o que eu vou ter de agora, até o pra sempre, são essas lembranças tão boas das crianças apaixonadas que nós fomos. Mas normalmente, eu não tô assim, tão calma, tão querendo paz. Geralmente, tudo que eu quero é a reviravolta do mundo, que vai fazer nossos caminhos se cruzarem, mais uma vez. Todo dia, tudo que eu peço quando acordo e antes de dormir, é que Deus sacuda todo o destino e te bote, logo, na minha frente. Mas hoje, agora, por incrivel que pareça, tudo que eu quero é que, logo, chegue a época em que eu possa pensar em você, desse jeito que eu tô pensando agora, todos os dias. Sem dor nenhuma, sem espinhos, sem sentimentos ruins. Só com esse sentimentozinho de "que bom que ele foi quem me ensinou a amar assim". Eu não preciso negar nada aqui, ainda tem esse nó grande na minha garganta, mas hoje, nem ele tá doendo tanto.
Eu não quero que pensar em você não me provoque nada. Eu não quero lembrar de você e sentir vento. Essa coisinha arranhando na garganta, tá boa. É sinal de que foi importante, de que tá marcado e de que nada, jamais, vai ser igual. Eu te amo sim, e amo muito. Mas eu não quero mais que esse amor machuque, me faça chorar, me faça doer. Não quero mais negar esse amor também. Nem quero não poder olhar pra nada que seja você. Não quero continuar sem ouvir rádio, sem ouvir música antiga, sem andar pelos lugares de antes. Não quero mais evitar a praia, Búzios, a lagoa. Quero que tudo isso me faça ficar bem, com bons sentimentos.
Desculpa por todos os dias que eu fui louca. Por todos os inconvenientes. Por todo constrangimento. Quase sempre é difícil e dói. E quase sempre, tudo que eu mais tenho vontade de fazer é pegar o carro e ir ai correndo, ajoelhar e implorar. Eu não tô promentendo nada, quase sempre - também - isso tudo é maior que eu e eu não posso prometer por uma coisa pela qual não respondo. Mas eu tô tentando.
Olha, Amor, você foi a melhor coisa que eu tive. O melhor sentimento que eu senti. O melhor beijo que eu dei. O melhor abraço que me abraçou. O melhor cheiro que eu senti. O sorriso mais bonito que eu vi. O carinho com a ponta do nariz que ninguém sabe fazer. O maior amor do mundo, que ninguém, nunca sentiu. Mas tudo que eu quero, hoje, é te ver feliz. E eu sei, eu sei, eu sei.... Que você tá. Não vou (tentar) mudar nada. Pelo menos, não hoje.
"You're the best
And yes I do regret
How I could let myself let you go
Now the lesson's learned
I touched it I was burned...
Oh, I think you should know"

segunda-feira, 22 de março de 2010

Caminho.

Eu não sei como, porquê ou quando deixou de ser bonito pra virar isso. Eu não sei direito em que curva eu errei a mão e fui pra direção contrária. Meu coração foi pra um lado e todo o resto, pra outro. Também não consigo enxergar, ainda, em que parte da estrada eu desisti de tentar acertar e comecei a só seguir o caminho. Deixei de viver e virei expectadora da minha vida. Talvez tenham sido as aulas matadas na livraria. Ou então, vai saber, todas as noites que passei insone, catatônica... Ou em todas as manhãs seguintes a essas noites, manhãs pras quais eu não despertava, e só abria o olho depois das três da tarde. Eu nunca vou saber quando tudo virou passado e eu continuei insistindo. Mas também nunca vou saber quando tudo virou vodka, Revotril, carneirinhos, música sem letra e insônia.
Não consigo me lembrar quando o menino virou homem. Um homem que todo mundo vê, adimira e quer por perto. Porque por mais que eu tentasse, só enxergava o menino. E por mais que eu me esforçasse, só me vinha este. Em cada hora do dia, em situações completamente diferentes... Sempre o menino. Que homem? QUE HOMEM.... Tava ali, bem na minha cara. E só eu ainda não tinha visto. E, então, só porque eu quero muito e quero mesmo que acabe, vem alguém. Não sei quantas vezes eu vou ter que ensinar pro cupido que quanto mais gente aparecer, mas eu vou me esconder lá tras. Não sei quanto cara bom eu ainda vou ter que machucar com a história manjada de não tá pronta pra isso e blablabla....
Mas chega de me machucar tentando, chega de achar que eu sou pedra fria e sem nada dentro. Chega de me culpar por tudo. Tudo que aconteceu, teve uma razão de ser. Um dia, com certeza, eu vou descobrir a lição. Por enquanto, eu tô tentando voltar a ser quem decide pra que lado da estrada eu vou. Tentando parar de assistir e voltar a protagonizar. Sozinha, sem dor. Sem muros, também. E sem mágoa. Mas como disse alguém que sabe muito dessas de amar alguém: "Todas as vezes que eu te vi, nesses ultimos quatro ou cinco anos, eu me apaixonei por você". Como eu tiro uma pessoa do mundo? De vista, pelo menos... Como????

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sem titulo.

Eu tenho sede de ouvir todas as músicas, ler todos os livros, conhecer todos os lugares. Fome do mundo e de gente. E essa é a sensação mais nova na minha vida, em anos. Essa vontade toda de fazer o que eu não fiz antes, de ser quem eu nunca pensei que seria. Um querer surreal de crescer. Mas eu também sinto medo. Medo de pular pra fora da bolha. De pegar no volante do carro, e assim, assumir de vez que sou adulta. Medo de toda as novas chances, novas possibilidades. Medo até do que nem chegou ainda. Medo de quem me olha, e de quem não olha também. E, principalmente, muito medo dessa sensação de ter, mais uma vez, o coração aberto pra jogo. Aberto pro que (quem) quer que venha, seja isso bom ou ruim.
E no meio de tanta duvida, tanta vontade e tanta novidade, pesadelos terriveis... Que me predem lá tras e me assustam. Repito pra mim que é só mais um teste da vida. Que pra ver se eu tô pronta pra andar pra frente, ela me joga lembranças de lá tras. Mas eu tô. Eu sei que tô. E, além do mais, isso são só pesadelos. Não tem nada de vida real nisso. Por mais que eu tenha comparado a vida real a um pesadelo, por diversas vezes, ela é muito melhor que tanto fogo, tanta dor e agonia.
E só isso que eu tenho. A vida. Com tudo que ela pode me dar. Superar, encarar, andar pra frente e me deixar levar por todas as nova coisas, é só uma opção. A melhor delas, mas ainda assim, não a unica. Ainda que seja a que eu escolhi. Doer é consequência do processo. Ser feliz, um dia, é resultado dele.

domingo, 14 de março de 2010

Pesadelo.

Tá tudo bem, logo de manhã minha irmã tá sentada na mesa, falando mais que o homem do gás - como sempre - e o dia segue normal. Academia, casa da minha vó.... Eis que não sei de onde, nem atraves de quem, surge a notícia: você (sempre você) tava numa casa em uma cidadezinha que eu nunca ouvi falar, e nem sei se existe, e buuum! A casa pegou fogo.
Só o que eu consigo me lembrar é de muuuuuito desespero e de acordar milhares de vezes com o meu próprio choro. E, em todas as vezes, voltar pro mesmo pesadelo. Agonia, agonia. Como você tá? Com quem você tá andando? Se você for pra uma casa, numa cidadezinha que ninguém conhece, toma cuidado. Por favor, por favor... Cuida de você. E dor, quanta dor. Te perder pro resto já é ruim. Imagina te perder pra vida.
Era tão real, e a dor tão forte, que no meio do 'sonho' eu tava abraçada com a sua mãe. Que apesar de todos os pesares e milhares de argumentos contra mim, com certeza é a pessoa que ia sentir toda aquela minha dor, multiplicada por mil. Por favor, por favor, se não é por mim, toma conta de você por ela. E por favor, cuidado com fogo. E com cidadezinhas desconhecidas. Mas o pesadelo só ia ficando pior, e quando chegou a hora de te dizer tchau, a sua namorada aparecia. E eu tinha que sofrer queitinha, num canto, calada e esquecida. Porque eu nem deveria tá ali, quem era eu??? Nenhum dos seus amigos sabia, ninguém ali me conhecia. Era só eu e muita dor.
E que desespero me dá, agora, só de lembrar. Que caroço na garganta de não poder te ligar e ver se tá tudo bem. Que falta de ar só de pensar em nunca mais na vida, ver você. Nem que seja de longe, igual aquele dia que eu passei por você e não pude falar.
Eu não vou mais ficar triste pela sua ausência na minha vida. Mas, por favor, se tem alguém aí em cima que não queira me ver louca, faz esses sonhos pararem. Faz essa simulação da total ausência dele acabar. Eu não quero, não preciso e dói. Muito. Muito mesmo.
Cuida de você, não morre. O resto, eu aguento. Mas cuida de você.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Seca.

Nem ciumes, nem dor, nem saudade, nem falta de ar. Nem alegria, nem euforia, nem felicidade, nem amor. Assim, sendo nada. Sendo um poço vazio e escuro. E quanto mais se cava, menos se acha. A boca até seca, diante de tanta poiera. Mas é só isso. É o que se ganha por tanto ser muito, ser inteira, intensa e entregue. Você vira nada.
E, dizem por aí, que depois do nada, sempre vem alguma coisa. Veio, sim. Na primeira vez que ele veio me buscar, minha vó se encantou, porque ele abriu a porta do carro. Na segunda, meu pai mandou eu tomar cuidado pra não me envolver. Na terceira, minha vó se apaixonou de vez, porque ele se lembrou de trazer chocolate do lugar onde foi passar um final de semana. Na quarta, eu mandei ele embora. Simples. Pra que tanto lenga-lenga?! Pra que deixar o coitado, tão lindo, ficar abrindo porta de carro e trazendo chocolate, se eu sou um poço seco, vazio, incapaz de dar água outra vez?! Pra que?! Pra que deixar a pobre da minha vó encantada por mais um garoto que passa pela minha vida, se ele não vai ficar?! Dramaaaaatica, meu pai disse. Mas só cego não via o medo estampado na testa dele, cada vez que eu avisava que fulano tava vindo me buscar. Eu via, nos olhos do meu pai, a cena se repetindo. Ele não merece a filha catatônica, dos ultimos meses, de novo. Não merece e não vai ter. Se alguém aqui tem que se sentir mal, que seja eu, sozinha. Meu pai pode achar sim, que tá tudo bem. Que eu tô amando o inglês, que eu adoro ficar quarenta minutos pedalando e mais uma hora levantando e abaixando ferro, naquela academia. Que essas saídas todas, não são só pra ficar bebada e não pensar e sim pra comemorar. Só quem precisa ver tudo com a crueldade da realidade sou eu. Esse foi o meu projeto. Ser normal por fora. E eu tô conseguindo. Mas ninguém pode me obrigar a ser como antes por dentro. Nem eu mesma conseguiria. Sem dor. Sem felicidade. Seca. Dura. Empalhada. Sem esperar nada. Sem querer nada. Um dia depois do outro. Uma hora, acaba.