terça-feira, 28 de setembro de 2010

No drama, Adrianna!

Não preciso dramatizar, né? Leio os textos de um ano atras e sinto vergonha por mim. Nao preciso voltar tantos passos assim só porque hoje vou sentir saudade o dia todo. Além do mais... Passei por datas piores, lembranças piores! Quer dizer, não que hoje seja um dia ruim. Só é.... Estranhamente desconfortável saber que, pra mim, ele (o dia) já não precisa significar muita coisa. Mas olha que avanço, ano passado eu passei o dia querendo me matar, e hoje, ok que se eu pudesse não sair da cama seria bom, mas se eu tenho que sair, eu saio, oras! Tô viva, não tô? E ainda que seja uma baita baboseira estar aqui escrevendo sobre isso, melhor surtar aqui do que deixar a cabeça explodir de tanta loucura. Eu ando fugindo de ser louca, porque ser louca me meteu em muita encrenca. Bom, você jamais entenderia do que eu tô falando, mas tudo bem. Tô igual a música do Legião: "mas tudo bem, tudo bem, tudo bemmmmmm...." O tempo todo assim. Descobri que mantras quase nunca fazem efeito, mas distraem a cabeça que é uma beleza. Exercícios de respiração não ajudam em nada a bronquite, mas você fica pensando demais no jeito certo de respirar e nem consegue pensar em mais nada. Ótimos resultados! Tabelas, listas... Tudo isso pra manter a cabeça no foco! Muita história do direito e muita filosofia pra focar no que realmente importa. Hoje é dia. Dia de ir pra faculdade, de tomar coca cola gelada, de almoçar sozinha aqui em casa. Hoje é dia de viver a rotina de todos os outros dias. E isso é estranhamente anormal, mas já não machuca tanto assim.
No drama, Adrianna!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Devaneio da madrugada.

Passei a semana remoendo uma mesma frase: "É triste que as pessoas se percam no caminho". É que só essa semana três ou quatro pessoas ficaram pra tras e, apesar de achar isso tristíssimo, não fiz nada pra que tal fato não acontecesse. É que ando cansada das lutas. E acostumei com pessoas indo embora. Acho que se pudesse, até eu iria embora de mim agora. Cansativo, né? Mas tem sido sempre assim. Essa montanha russa intensa entre ser demais ou não ser nada. Uma hora a gente surta, não tem jeito. E nesse vai e vem de sentimentos, a única certeza é que todas as certezas estão abaladas. Já não olho pra mais ninguém com a certeza do pra sempre. Acho chato que seja assim. Queria ainda conseguir ter aquela sensação patética de que alguém vai conseguir sim me amar do jeito que sou e nunca cansar de mim. Mas percebe o quanto isso soa clichê? Entende o que eu tô falando? Volta e meia eu mesma me pego cansada da pessoa que vejo no espelho. Como posso querer que outro humano nunca se canse? Tô querendo me apaixonar pelo Super Homem... Deve ser! Um cara que usa a cueca por cima da calça. Talvez seja a solução. É disso que eu tô reclamando. Dessa coisa de fazer piada ruim e não ter ninguém pra dar risada comigo. Da falta de risadas. E desse bando de gente indo embora. A gente aprende a ser inteiro, mas ai o destino vem e nos arranca muitos pedaços. Alguns ainda tentam voltar pro lugar, mas então já ficou tarde.
Não me reconheço agora. Tenho tentado muito ser outra pessoa e acho que ela tomou conta de todo meu corpo. No fundo, falo baixinho pra garotinha romantica que um dia ela encontra alguém e volta. Na superfície, digo que cansei de ser o que era. Cansei nada. Só machuquei demais. Sangrou demais esse tempo todo sendo ela. Mas a verdade é que não gosto de sombra preta e saia curta. Amanhã, talvez, eu me arrependa de dizer isso, mas a grande verdade é essa. A gente aprende a mascarar as verdades também. Quem me vê nem diz que doeu tanto. E que todo dia, antes de dormir, eu ainda permito que doa por cinco minutos. Um ritual que me rende sonhos duros. Olheiras roxas. E mil quilos de frustração.
E então, essa semana teve tanta gente indo que eu não aguentei e passei um dia inteiro sentindo dor. Foi assim hoje. Doendo por mim, pelas pessoas que se foram, pela menina que enfiei escondida no fundo na alma e por todo o resto. Porque a vida nos ensina muita coisa, mas ensina também que ser humilde e reconhecer a derrota já é um belo recomeço. Recomeço agora, com cinco ou seis pessoas a menos. Cinco ou seis pedaços de quem eu era perdidos pelo mundo. É triste que as pessoas se percam no caminho... Mas é tão pior se ficarmos implorando pra que elas fiquem.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Em um reino tão tão distante...

Eu tinha treze anos e não podia nem cogitar a idéia de como seria a vida sem meu namorado. Porque, entre muitas qualidades, meu namorado era lindo e me dava um abraço que passava a sensação de que nada poderia dar errado no mundo. A gente foi crescendo e meu namorado foi ficando sempre mais lindo e mais meu. Sorriso lindo, cabelo lindo, olhos lindos... Lindo dormindo, lindo acordado, lindo no banho, na praia, no cinema. Lindo e meu. Eu tinha quinze anos e a certeza de que ninguém, no planeta, era mais feliz do que eu. E meu namorado era o X de toda a questão. Ouvi mil vezes, de mil pessoas, que não deveria depositar toda minha fé nele. Que o tempo passaria e as pessoas poderiam mudar. Meu namorado? Imagina... Ele gosta de mim tanto quanto eu gosto dele. Dá pra saber só de olhar pra gente. Olha como ele é lindo? Podendo estar com quem quiser, ele escolheu tá comigo, sabe? Meu namorado me a-m-a. E ele continou ficando lindo, cada dia que passava mais lindo. Um dia ele ficou tão lindo que explodiu. Deu lugar pra uma outra pessoa. E com quase dezessete meu namorado virou memória e dor. Daí por diante tudo ficou um pouco cinza, mesmo que eu tenha lutado o quanto pude pra colorir todos os dias. Houveram épocas que até respirar era difícil, houveram dias em que ficar bebada era o jeito de ficar em pé. Vieram mil finais de semana trancada no quarto. Outros mil sem quase aparecer em casa. Vieram loucuras que eu nem me vejo fazendo. Veio a burrisse de quem ama tanto que fica cego. Meu namorado volta. Se eu me comportar, ele volta. Meu namorado volta se eu aprontar bastante. Meu namorado volta se eu ficar loira. Se eu ficar morena. Se eu vomitar minha alma e ficar magra. Se eu... Meu namorado nunca voltou. E nem volta. Porque meu namorado nunca foi embora. Ele mora dentro de mim. Guardado no lugar mais bonito das minhas memórias. Com o maior carinho do mundo em volta. Mas quando a gente aceita que as coisas só acontecem quando têm que acontecer, a gente entende que nem tudo vai ser sempre como a gente quer. Meu namorado não existe mais fisicamente. Mas quando eu preciso acreditar que nada no mundo pode dar errado, eu fecho os olhos e lembro do abraço dele. Meu namoro não durou pra sempre e eu, realmente, poderia ter depositado menos fé em tudo o que vivi, mas aí tudo teria sido menos mágico e toda menina de treze anos merece acreditar que encontrou seu principe encantado. Mesmo que depois ele vire lenda. Meu namorado é assim agora: a história mais linda que eu tenho pra contar. E sempre meu. No reino das boas lembranças.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Coisas (novas!) pra te dizer.

Eu gosto muito de você! Hoje de um jeito diferente do de antes. Com menos... intensidade, entende? Hoje eu gosto de você porque você é a melhor lembrança da pessoa que eu fui e eu gostava muito de ser ela. Depois que você foi embora e gostar de você passou a ser proibido, eu virei uma outra. De quem eu também gosto. Um pouco. Mas aquela era eu, essa é uma pseudo-adulta que eu ainda tenho dificuldade de reconhecer no espelho. Essa coisa de ter passado dos dezoito me deixou um pouco pirada. E ser pirada depois dos dezoito não é mais bonitinho. É só piração mesmo, e eu tenho que conviver com isso. Esse item também faz com que eu goste mais de quem eu era com você por perto. Mais nova, mais feliz....
Hoje eu já nem penso mais na sua volta, na minha volta. Ficou em um passado um pouco distante já, junto com o meu antigo eu, o seu antigo você. Ficou preso lá tras com as pessoas que fomos e hoje não lembram em nada as pessoas que somos. Pelo menos, não eu. Condenei muitas e muitas vezes a sua ida, hoje em dia até dela eu gosto. Não que se eu pudesse voltar no tempo e escolher, escolheria que você fosse. Mas se sua ida foi inevitavel, hoje eu vejo o quanto aprendi com ela. O quanto aprendi com a sua ausência. Porque você, pra mim, sempre foi o refugio dos problemas, o porto seguro da loucura que era minha vida aos 14l15 anos. E depois que você foi embora eu tive que encarar tudo de frente, sem ter pra onde fugir. Fiquei mais forte. Menos dependente, refém... Fiquei asmática nível mil também, tudo tem um preço. Mas até as minhas crises de asma melhoraram de um tempinho pra cá. Amadurecer tem algumas vantagens. O desespero de te ver cada vez mais longe passou, e quando isso aconteceu eu pude te ter um pouquinho mais perto. Eu gosto disso de poder falar com você de vez em quando. Faz a menininha que tá escondida dentro de mim dar umas piruetas de alegria. É isso que me faz gostar muito de você, ainda. O jeito como você mexe com ela... Porque eu não penso na sua volta, mas a minha menina sempre vai guardar esse desejo.
É ela - a menina que sempre vai ser apaixonada por você - que faz com que as vezes eu queira te ver, te abraçar... Te falar tantas coisas. Inclusive isso: eu gosto muito de você! Hoje sem as bebedeiras que me fizeram passar vergonha, ou sem a choradeira que me atingia cada vez que eu tentava falar seu nome. Você precisava ver como era! Ridiculo, mas inevitável.... Agora eu falo seu nome. Falo da gente e digo que toda nossa história valeu a pena. Agora eu consigo ser leve, fazer piada com você e te achar engraçado tentando me por ciumes. Eu sempre vou sentir ciumes de você, sabia? Sempre mesmo. Mas agora até isso eu sei controlar. Não passo mais a noite toda chorando de ciumes, desejando a morte alheia e coisas parecidas. Eu só sinto ciume na hora e depois esqueço. Porque você tem direito, elas tem direito... É só que você sempre vai ser um pouco meu. Eu sempre vou ser um pouco sua. Mesmo quando eu tiver marido e filhos... se eu te encontrar na rua, vou sentir que somos um pouco um do outro. Primeiro amor tem dessas coisas.
No fim das contas, você foi mais adulto que eu. Soube absorver tudo, deixar pra lá ou perdoar. Eu fiquei tempo demais parada no mesmo lugar e, olhando pra lá agora, vejo o quanto isso me fez mal. Só que eu nem sei direito quando, as coisas mudaram. Hoje em dia eu gosto muito de você, mas eu gosto muito mais de mim e das possibilidades. É isso, sabe? A vida tem infinitas delas e eu precisei aprender a estar aberta pra todas. Você sempre vai ser você na minha vida, e eu tenho certeza que sempre vou ser eu na sua. Mas as possibilidades existem e ser madura (que saco!) me fez entender que você não errou quando as abraçou.
Hoje eu acordei com vontade de te contar tudo isso, de te falar que a mulher que eu tô virando adora você, adora nossas lembranças... E que a menina desesperada e apaixonada agora tá guardada aqui dentro. Não precisa ter medo de fazer parte da minha vida mais. Tá tudo bem agora.




(Comecei esse texto em outubro passado, mas nunca me achei gente grande o suficiente pra termina-lo, hoje eu consegui. Um viva pra mim!)