quinta-feira, 26 de maio de 2011

Arrogância.

Nariz em pé, cabelo bagunçado pra esquerda - depois pra direita -, muito blush pra disfarçar a palidez de quem mora na cidade maravilhosa mas esqueceu o caminho pro sol e lápis preto nos olhos pra ninguém perceber o que tem mais no fundo deles. Superficialidade não dói, ela aprendeu. Ninguém quer ver o que é profundo, porque o profundo assusta. Então, é mais fácil assim: se a aparência que conta, então o remédio que enjoa não causa dano maior do que se ele não enjoasse. E a postura arrogante, de quem finge que conhece o mundo, protege dos que realmente conhecem, ou pensam conhecer.
Você não sabe o que ela pensa quando encara seus olhos. E quem um dia soube, hoje nem existe mais. Quando ela abriu a guarda de novo, foi ilusão barata de trinta dias. Passou sem machucar, sem causar estrago. Surpreendeu-se.
As histórias inventadas ainda são o único jeito de dormir, cada dia mais no futuro. Como vai ser? Dez, trinta anos? Imaginar é a fuga da realidade vazia.
Mas tem gente que nem sabe que ela é vazia. Só enxerga o nariz pro alto e todo o resto sempre tão bem pensado pra disfarçar.
Vazio é profundidade, e ser profundo não leva ninguém a lugar algum.
"Seu jeito de escrever me deixou meio grilado". Disse o babaca sem cérebro que leu um e pensou que era mil. Se assustou com isso, não merece conhecer o resto.
E ela segue com a arrogância aparente, o interior vazio, mas a arrogância de ser sozinha o preenchendo.

domingo, 22 de maio de 2011

Um.

Lembra quando eu disse que meu passado me fez sofrer muito? Foi porque doeu muito mesmo. E eu não quero começar nada errando, pra depois terminar doendo tanto de novo. Querendo ou não, começarmos foi um erro. E agora eu só sinto que preciso acertar, antes de virar outra coisa. Se tiver que virar. Se não tiver, tudo bem, tá bom assim. Sei lá o que é certo e, pela primeira vez na vida, não me importo em saber. Tá bom assim, eu tô gostando, você também. Sempre vão cobrar da gente mais do que a gente pode dar. E se a gente cair nessa de escutar as cobranças, daqui a pouco estamos cobrando tudo um do outro. E eu não preciso ser cobrada agora. Nem você, tenho certeza.
Porque a gente é desse tipo oposto que chega a ser igual e desse jeito igual que chega a ser oposto, e a gente se faz bem quando tá junto. E se faz bem quando não tá junto também. Porque todo mundo gosta de ter alguém. E, por enquanto, é só isso que eu quero ser pra alguém: a parte do dia que faz bem. De vez em quando eu sinto que você já nem quer mais e ai me dá uma coisa louca, uma vontade maluca de ser outra. Mas eu sei que tanto faz. A gente tá brincando de ser do outro não sendo e eu não preciso de mais que isso agora. Por isso que você ocupou, depois de tanto tempo, um espaço que tava vazio. Porque você entende que eu sou o circo todo montado, mas que agora as luzes ainda estão em manutenção e a corda ainda é muito bamba. Eu mal me equilibro sozinha. Um dia, daqui a pouco, ou daqui a muito, se você quiser e se for bom pra nós dois, o espaço vai ser seu em tempo integral. Porque você não me cobrou nada e nem quis mais do que eu podia dar.
Obrigada. E que venham outros desse primeiro. E mais muitos diferentes também.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Com a palavra, ela.

Jéssica,
Passou da hora da gente se encarar. Eu e você. Assim, de frente uma pra outra, com todos os espinhos que a nossa relação tem. Vai doer, nós duas sabemos que vai, mas até quando isso seria adiado?
Achei melhor ser por escrito, pois nós duas sabemos que as palavras nos fogem quando devem ter som. Somos tão inseguras quanto parecemos seguras. É uma complicação... Resolvi tomar a atitude já que você sempre arruma onde se esconder, eu te entendo, mas não aceito. Então, perdoa se o que vier agora te machucar muito, e lembra que ninguém quer mais o seu bem do que eu. Lê com atenção e não esquece mais, tá?
Primeiro: o que você fez das suas amizades? Só porque uma pessoa te foi infiel, você afastou todas as outras que tinha pra si. Sabe? Suas amigas, realmente, gostavam de você antes de você virar uma mal-humorada reclamona. Eu sei que foi máscara, que foi na intenção de ver quem ia aguentar. Mas viu no que deu? Não restou ninguém que te cuide. Você se acha sempre tão responsável por tudo que só manteve por perto as pessoas que precisam de você. E jogou fora todo mundo de quem você precisava. Estupida arrogancia essa sua.
Segundo: que medo idiota é esse de deixar seu coração falar? Tá bom, eu sei o quanto doeu. Eu lembro. Doeu demais. Mil vezes você achou que não ia suportar. Mas suportou, não foi? Passou sem que você nem se desse conta. Vai fazer o que agora? Virar aquele tipo de mulher que não se envolve com ninguém? Ou vai ser o tipo que usa as pessoas e depois descarta? Seu coração é parte de quem você é, e se ele foi maltratado um dia, foi porque você o entregou de bandeja na mão da pessoa errada. Ainda virão muitas outras pessoas erradas, sabia? Mas é isso que vai fazer de você uma adulta: aprender a superar as crises. Esconder seu coração do mundo só vai te deixar com essa agonia enjoada que a gente anda sentindo. Esse cara que você anda encontrando, cá entre nós, seria perfeito pra mim, mas em nada combina com você. Se eu tivesse procurando por alguém, seria ele, você sabe: muita night, muito álcool e poucas lembranças. Mas essa sou eu e não você. Sair com ele só pra provar pra si mesma que seu coração não se envolve mais é estupidez. Porque do jeito que você é, vai acabar se apaixonando e ele... Vai continuar sendo o par ideal pra mim e não pra você. Tá na hora de você se abrir pra sua realidade, pro seu mundo.
Terceiro: eu entendo o que você tá sentindo. Solidão é uma barra. Mas você acha que vomitar o mundo que te pesa nas costas vai adiantar alguma coisa? Você só fica mais fraca e sem voz. Já tinha tanto tempo que você tinha parado. A gente não precisa disso. O que você vê refletido no espelho, nem sempre é o que as pessoas vêm, sabia? Para de tentar se sabotar.
Por último: ele não é problema nosso. Não é. Do mesmo jeito que nós deixamos de ser problema dele. Mais que isso, ele não é problema seu. Quando vierem te falar, você finge que escuta, mas depois deleta. E pra isso ficar mais fácil, basta você lembrar que ele não é ele. Ele é qualquer um que apareceu depois que tudo acabou. Não é problema seu. Ele te doeu, te feriu, a falta dele te enlouqueceu. Agora você tá bem e se tem algum drama por aquelas bandas, não é você que vai resolver. Para de pensar nisso. Daquele relacionamento você só deve ter consigo a lembrança de que foi maravilhoso enquanto vocês eram crianças inocentes. O que veio depois você esquece. Assim como esqueceu o sentimento que te corroeu por tanto tempo. Ele é problema dos dele, assim como você tem os seus problemas. Não se sinta resposável pelo que você não é.

Eu sei que é complicado demais pra você viver assim, como a gente tem vivido, e sei que você se acha fraca, mas olha pra tras e pensa se uma pessoa fraca superaria aquilo tudo? Você se vê fraca e isso é um absurdo! Passou da hora de você ter certeza de quem é e seguir sendo assim. O que te fez mal, o que te machucou, o que não acrescentou... você deixa no passado e pronto. É assim que as coisas devem ser encaradas.
O motivo principal de eu estar te escrevendo isso é que por mais que eu goste do mundo, de ser do mundo, eu só quero ver a sua felicidade, foi pra isso que eu nasci. Pra te fazer feliz quando você era incapaz disso. Mas agora não é a incapacidade que te impede, é o medo. E isso é absurdo demais pra eu me calar.
Entende, tá?
Beijos,
Carmen - O alter-ego que você pensava não ter miolos.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sem sentido.

Sei lá, amanhã melhora isso tudo. Amanhã eu desencano. Amanhã a agonia passa. Passou das outras vezes. Passou na pior delas. Mas eu fico tão enjoada só de pensar...
Você grita demais, se exalta com tudo, briga de um jeito que dá medo, me olha no olho de um jeito que quase me esmaga e reclama das minhas saias curtas. Ainda tem um passado que incomoda demais alguém que também tem um passado incômodo.
Nenhuma amiga minha me recomenda você e é por isso que eu acho que amanhã ou depois isso tudo passa, mas ai você aparece e, pra mim, você é tão diferente do que é pra elas. Porque você foi sincero, sabe? E eu não tava acostumada com isso. Você disse que me odeia porque eu te confundi, virei seu mundo de cabeça pra baixo, fui a única em tanto tempo. Eu gosto disso de ser única.
E ai eu me acho brega demais perdendo tempo escrevendo sobre você, porque amanhã já vai ter passado. Mas enquanto não passa eu vou curtindo a agonia enjoada que é não saber como vai ser o daqui a pouco e vou me esquivando de ter que encarar a realidade óbvia de que essa história não tem futuro nenhum. É só mais uma dessas coisas que a gente escuta por ai.
Mas se, sei lá, o futuro uma vez só me pregasse uma peça boa e te incluisse nele... Eu ia gostar da possibilidade. Apesar de achar que a gente não duraria uma semana sem se matar. Acho que foi isso que me prendeu em você: o quanto de você existe e o quanto de você foi criado pela sua mente machista pra se proteger. Tenho vontade de arrancar camada por camada criada e deixar ai na cara, exposto pra todo mundo, o cara que eu, numa ou três noites e uma conversa no telefone, conheci. Você. Que nem deve saber que abalou tanto as coisas dentro de mim a ponto de me fazer escrever isso, ou pensar no que você falaria antes deu comprar um vestido.
Alguma coisa mudou desde você. E eu só imploro pra que passe e não vire amor. Porque eu não sei lidar com amor, mas aprendi a lidar com coisas que vêm e vão.
Por favor, se quiser ficar, não deixe de ser essa coisa boa pra virar amor.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha." (Caio F.)

Sexta-feira de madrugada eu te mando uma mensagem. A gente tinha se falado a semana inteira, mas eu não botei banca de sair com você no meio dos seus amigos. Ai eu mandei uma mensagem despretenciosa pro seu celular, se você quisesse, nem ficaria feio não responder. Mas você disse que queria me ver. E que ia me encontrar. E você foi. Eu nem lembrava a última vez que alguém tinha feito eu me sentir assim. Mas você fez assim que chegou. E a gente ficou junto até de manhã, no meio da rua. Beijando e falando nada. Sua bebedeira foi passando, a minha nem tinha começado. Quanto mais a gente se conhecia, mais queria se conhecer. Tinha uma sombra nos rondando, a gente fingiu não ver. E quando o dia clareou, você me deixou ir pra casa preocupado com a minha saia curta.
No sábado a gente saiu junto. Tava tudo bem. A gente se diverte. Se entende. Fala a mesma língua. A noite foi uma droga, mas a gente tava junto, então foi tudo bem. O resto da semana foi meio mudo, meio falado, meio estranho. E eu enjoada de tanta agonia. Quando você apareceu, a sombra tava contigo e a partir dali não dava mais pra ela ser ignorada. Você disse que eu te confundi, eu digo que você me balançou. O que vem agora é obscuro e provavelmente quem vai se ferrar sou eu.
Mas se alguém perguntar se valeu a pena, eu digo que sim.
Pelo menos, eu já sei que ainda sou capaz de sentir.