domingo, 25 de outubro de 2009

Pra quando você voltar.

O vinho, que tinha virado água, volta as origens. O coração, que tinha virado paciente terminal, volta a funcionar. O cinza, volta a ser colorido. A dor para de doer. A lágrima de cair. O sono de sumir. Nem parece que atravessou-se uma tempestade. Nem parece que o barco quase virou centenas de vezes. Olhando-se de fora, só se vê amor, carinho, respeito e cuidado. EU e VOCÊ. Nem parece. Mas foi. Foi triste, foi caótico, foi de querer tomar chumbinho e nunca mais acordar. Porque sem você, tudo é qualquer coisa, menos viver. Sem você nenhum orgão trabalha, nenhum músculo se meche, nada acontece sem você. Quer casar? Eu caso. Entro na igreja vestida de branco e sem medo nenhum. Quer um filho? Te dou dez, só pra começar. Quer o que mais? Eu dou, dou tudo, qualquer coisa. Em troca, você só tem que jurar nunca mais ir. Porque ainda que seja tão, tão, tão bom parar de inventar remedio pras minha solidões e te abraçar, eu sinto tanto medo de acordar. Não quero viver ligada no automático nunca mais. Não quero viver robóticamente. Não quero ser sozinha. Fica, tá?! Fica pra sempre.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Para, pelo amor de Deus. Para o mundo, para a vida, para tudo.... Do jeito que tá, eu não consigo respirar e aí me tiraram a única coisa que eu tenho que ainda me ligava em você, o Christopher. Porque, segundo eles, meu filho peludo que causa todas as crises... Mal sabem eles que ele que me mantém sã. Para, dá meia volta e volta pra onde você nunca deveria ter saido... Te ver indo embora assim, tão seu, acaba comigo de vez....

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mais uma sobre o de sempre

Conheci umas dúzias de homens na vida. Talvez pelo fato de ser leonina sempre andei cercada deles. Meus melhores amigos sempre foram melhores e mais próximos que as amigas, moro com meu pai e não com a minha mãe... Enfim, apesar de ter namorado muito tempo e isso ter 'limitado' o número de cara com quem eu saí, nunca estive muito longe do universo masculino. E dessa experiência, eu tirei as conclusões mais dolorosas da minha vida:

1) Homem não amadurece em todos os sentidos, geralmente eles escolhem uma ou duas vertentes pra serem maduros, no resto, dos 12 aos 80, nada muda muito.
2) Homem não presta. Não é por querer, de sacanagem ou por implicância. Eles só foram feitos pra serem assim.
3) Homem não dá valor pras coisas pequenas. Cortou a franja? Ele não vai reparar. Pintou a unha de pérola e não de branco? Ele não vai reparar. Enfim, você liga? Faça pra você, ele não liga.
4) Homem, quando tá apaixonado, tenta ser o contrário dos itens acima, mas isso dura um ano, no máximo, depois mesmo ainda te amando, ele vai voltar a ser homem.

E mesmo sabendo disso tudo, eu endeusei você. Mesmo tendo provado, gostado, comprovado, tocado, sentido no fundo de mim e visto o quanto você é homem, eu te endeusei. Claro, só Deus seria contrário a esses quatro itens. Só Deus seria perfeito. E eu te botei nesse patamar. Sempre foi, desde o dia que eu te beijei pela primeira vez, sabendo que aquela era a maior burrada que eu podia cometer naquela noite, sempre foi Você aqui e Deus lá. Você sempre foi o meu sub-Deus. Perfeito, lindo, cheiroso, com o sorriso aberto e as mãos grandes, quentes. Os braços sempre prontos pro melhor abraço do mundo. Onde eu tinha certeza que poderia me segurar se o mundo tremesse. Nunca vou esquecer de um dia na casa de praia que depois de uma briga terrível minha com a minha mãe, você sentou na cadeira da varanda, me botou no colo e me deixou ficar ali chorando, reclamando do mundo, da vida... Fazendo carinho no meu cabelo e só. Você não falou nada, eu não falei nada... Mas naquele dia, bem naquele maldito dia, você virou a base de tudo que eu seria dali pra frente. Me aninhei no seu colo pra chorar tantas vezes, que nunca pensei que um dia seu colo me seria ausente. Eu gostava quando chegava chorando e você não perguntava nada, só me abraçava. E mesmo sem você falar nada, aquele abraço era a maior fonte de paz que eu tinha. Agora virou tudo caos, e nem Deus parece me escutar. Tem sido terrível encarar meus medos sem você por perto, tem sido terrível sentir saudade sem poder nem te ligar, tem sido enlouquecedor chorar e não poder correr pra você, passar o final de semana com você, as noites com você... Saber que a vida não vai mais ter você. Eu te endeusei e esqueci que você é humano. Você foi atras de alguém menos complicada. Atras de mais sorrisos e menos lágrimas, atras de qualquer coisa que não fosse eu. E eu fiquei aqui te amando Deus, te amando homem, te amando, te amando, te amando...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um milhão e meio de quilos estupidez.

Pra você que foi embora e quis voltar tantas vezes. Pra você que não foi embora, mas nunca quis fazer parte. Você que só veio porque o destino quis que viesse e tenta a todo custo ir embora, mas não consegue. Pra você que mente tanto, engana tanto e me faz mentir tanto e enganar tanto. É, você me faz. Só dá pra viver nesse seu mundo, se for assim: inventando remédio pra solidão. De todas as coisas que você me tirou, a pior delas foi a minha sensatez. Me ensinou a solidão de ser dois. Ser par e me sentir mais sozinha que nunca. De todas as coisas boas que você me trouxe, a maior delas foi a Marcela. De volta. Na hora certa. Porque é ela que segura meu mundo quando você derruba ele de novo e denovo e de novo... Faz e vai embora. Deixa a merda toda pra ela e ela aguenta. No saldo final, coisas positivas tem muito mais peso, mais ainda assim esse milhão e meio de porcarias que você me deixou pesam nas minhas costas, no meu coração. E eu, bobinha, grito pro mundo que voltaria. Voltaria sim. Na hora que você chamasse, na hora que o vento me levasse que o destino te fizesse me querer. Tanta estupidez! Mas são lembranças demais, saudades demais... Tudo demais e eu só sei chorar e vomitar esse bolo de angustia que atinge meu estômago. Até pra isso eu dependo da sua força. E fica cada dia mais impossível negar essa doença, esse vicio, essa mania chata de vomitar o mundo pra ver se você volta. Um milhão e meio de quilos que te afastam. Só que você nunca volta. Ameaça, mas nunca volta. E eu enlouqueço e me tranco no banheiro mais e mais e mais vezes. Nada muda, nada sai do lugar. E ainda que tudo esteja igual, nada, nadinha mesmo, me parece certo. Aquela ali, refletida no espelho, não sou eu. Eu sem você é quase que o rascunho de uma coisa que deveria ser alguém... Dói, já falei tantas vezes de dor. A garganta também dói, implora pra eu parar, mas alguma coisa aqui dentro se recusa a funcionar sem o combustível que você sempre me foi. Não quero sumir do mundo, de novo. Não quero virar, mais uma vez, uma lembrança e depois reaparecer. Não quero ilusões. Quero a cura, quero jogar fora tudo que pesa e ser leve novamente. Você, você, você: todos os meus problemas se resumem em quatro letras.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A saudade é que nem maré.

Ela se enche de si e me deixa quase louca, querendo gritar, esperniar, implorar pro mundo mais cinco minutinhos de chance. Depois esvazia, me deixa em paz, gostando de mim e do meu tempo. De repente, do mesmo jeito que foi, ela volta, só que ainda mais cheia. Me entorpecendo mais e quase me deixando sem saida. Quando tá assim é difícil manter o telefone quieto, o e-mail intocável. E é tudo de propósito. E virou uma rotina. Picos de maré cheia, dias tranquilos de maré baixa. Enche e esvazia, mas nunca vai embora. Tá sempre ali, pairando junto a minha sanidade, pronta pra me mandar pra um hospício quando quiser. A dor é quase física e nem Einstein explica. Dói em algum lugar abstrato, mas eu quase sinto meu corpo todo se contorcer. Pra piorar, o objeto dela não ajuda. Só piora. Deveria ser proibido esse tipo de mistério. Tantas perguntas. Nenhuma resposta e uma crise incrível de falta. Não é orgulho. É, também, orgulho. É tudo misturado e, no fim, é uma coisa só: amor demais. Deveria ser proibido, também, esse amor todo. E se eu não do jeito, quem vai dar? Quase desisto, mas não posso. E a maré enche, esvazia, vem e vai... Quase me afoga, quase me mata, quase me leva. Tanto quase que enlouquece. O que deveria mesmo, mais que tudo, ser proibido, é existir toda essa saudade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Nada

Tentando descontroladamente desatar os nós, os laços, as ligações... Três passos pra frente, um de volta pra tras. Lutar, lutar e não sair do lugar. Frustração e raiva. Qual a dificuldade em entender que o que passou, passou? Por que gritar tanto assim pro mundo que se não for um, não vai ser ninguém? Chegou no fundo do poço e ainda tá cavando mais pra baixo. Choro preso, medo do nunca mais, do talvez, do acabou e do pra sempre. Duas dentro de uma só. Completamente avesas, diferentes. Uma grita por aquele amor, outra grita por liberdade. Receio do que vem, saudade do que foi. Sentimentos opostos, dispostos a confundir e deixar pior quem já tá no chão. Nada é fácil. Caroços na garganta, coração em agonia. Palavras que não se encaixam mas, ainda assim, fazem sentido. Nada faz sentido. Triste conclusão: tá tudo errado. Precisa de força pra continuar, os outros dizem. Mas essa acabou. Se perdeu na gigante estrada que foi o até agora. Deixar passar, deixar correr, mudar de foco. Fácil pra quem fala, impossível pra quem se emudece diante dessa constatação. Não é querer ser assim, é não conseguir não ser. E diante disso, ser cada vez pior e se levar pra cada vez mais longe...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

8 gotas

Chapada, dopada, caindo pelas beiradas, anestesiada. Viveria toda a vida assim, no estado em que me encontro agora. Sem dores, com ar cedido por um aparelho metido a pulmão e sem amores. Desconheço essa palavra, esse sentimento. Deixo passar, deixo sair, respiro forte e me sinto vazia. É assim que tem que ser. Esvaziar pra encher de novo. NÃO. Encher de novo nem tão cedo. Quero isso, ser vazia. Ser oca. Ser ninguém pra ser alguém. Minhas mãos tremem anunciando que, mais uma vez, exagerei nas gotas. Não tem problema, não. Me sinto bem assim, tremendo dos pés a cabeça, suando frio. Esquecendo de mim... Daqui a pouco passa o efeito, o ar volta a circular normal e eu volto a sentir meu coração sangrar. Prefiro tremer, puxar o ar não dói. Dói é não te jeito de curar essa ferida. Respirar essa fumaça toda não dói. Dói é respirar e ter que viver em um mundo danificado pela ausência de quem nunca deveria ter ido embora. Que vontade me dá de implorar mais um pouco, chorar mais um pouco... Mas de alguma forma eu sei, eu sei que não adiantaria. Então eu deixo ir, vai, some de vista, leva meu ar... Tira meu chão. Me deixa sozinha mesmo nunca tendo se feito muito presente. Me deixa louca. Não tem problema. Amanhã ou depois aparece mais um. Já foram tantos. Mais um pra me dar a certeza de que o seu melhor substituto é esse aparelho maldito. Os dois me devolvem a vida, o ar, a energia pra seguir em frente. É isso, talvez o final feliz seja seguir em frente. Por que não? Respiro, inspiro. Ar, ar, ar. Volta a ser fácil. Volto a ser eu. Não tenho você, mas tenho a vida. Não posso desistir dela. Por mais que seja difícil continuar, você não merece tamanho sacríficio.