sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Encantada.

Por todas as vezes que eu te dispensei dizendo não estar pronta e por todas as vezes que seus olhos invadiram o fundo da minha alma tentando me convencer do contrário. Por aquele dia que você veio me buscar e abriu a porta do carro tão lindo e eu, tão desacreditada, disse que era só você encenando mais um personagem. Por todas as vezes que você tentou e eu recuei. Por aqueles chocolates que você trouxe só pra mostrar que lembrou de mim no meio de uma viagem de trabalho. Por todas as vezes que você ligou pra me dar bom dia. Pelo mundo que você me apresentou e eu dispensei por medo. Pelas surpresas que você trouxe. Pelo jeito louco que você chegou em mim naquela boate. Pelo seu jeito de falar. De andar. Pelas suas bochechas. Por esse seu olho irritantemente azul. Pelos seus amigos idiotas. E pelos não tão idiotas assim. Pelo seu vicio por video game. Pelos Simpsons, por pizza e por mim. Pela sua exagerada falsa modestia. Por você sempre me incluir no seu futuro. Por cada pedacinho seu. Por essa história tão maluca e tão sem fundamento que eu guardo tanto pra mim com medo de estragar com o mundo. Por você ser você e ainda ter olhos pra mim. Por nosso um ano de história completados sem a gente nem perceber. Por essa saudade maluca que tomou conta de mim desde o dia que ouvi a sua voz de novo. E por essa distância chata que impede a gente de recomeçar tudo. Por todas as noites que eu vou dormir pensando no nosso reencontro. E por eu ter certeza que você vai me chamar de "Pequenininha" assim que constatar, outra vez, que eu bato muito abaixo do seu ombro. Por você ser tão alto que me dá a impressão de que nenhum mal chega ai em cima. E por esse seu sorriso tão lindo que me tira o ar. Por você ser o homem ideial e ter estado tão perto todas as vezes que eu rezei pedindo o homem ideal.
Apaixonada, encantada e rezando todo dia pra você vir logo dar meu beijo de novela.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eu.

"Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado."
(Caio F.)

Embora vez em quando eu ainda me sinta como a garotinha que fui, nada em mim grita mais infância. Embora existam olhos que me vejam pequena, tudo em mim grita maturidade. Talvez não a que o mundo espera que eu tenha. Nunca fui de encontro as expectativas de qualquer pessoa. Sempre fui correndo pela lateral, desviando dos obstáculos de maneiras duas ou três vezes mais complicadas que o normal. O fácil sempre me seduziu, mas nunca se deu bem comigo. Então, quando uma coisa deveria ser tão simples como "pular um muro e descer uma ladeira" sempre acabaram virando maratonas intermináveis onde eu sempre deveria confiar em mim e em mais ninguém. Venho aprendendo mais sobre isso ao longo dos anos: Embora esteja sempre bem cercada, sou também sempre sozinha. Ninguém vai pular o muro por mim, ou me ajudar a subir a ladeira. Se existe uma coisa que o tempo me ensinou foi que na hora que as coisas apertam é só comigo mesma que eu posso contar. E não dói mais. Porque pra falar a verdade, nada que não seja novo e surpreendente me dói mais. Um leve incomodozinho, dependendo. Mas dor? Custumo usar aquele clichê idiota que diz "só a volta de Jesus Cristo e um cancer iriam me assustar agora".
Você pode estar pensando: - Que triste que ela ficou seca assim. Mas acredite, seca eu fui em outro estágio, em outra fase da aceitação. Eu sinto as coisas agora, sabe? Parece até que ando meio apaixonada. Isso sim é novo, isso sim me balançou. Mas a vez passada já foi tão conturbada que agora eu me conformo com pouco, com quase nada por dia. Doses pequenas diariamente pra ilusão não ser grande. Existe um fantasma que vai se manifestar a qualquer momento se eu não me manter cautelosa. Então é isso que eu faço. Ajo com cautela, me apaixono com cautela, vivo cautelosamente. Mas não catatônica. Caminho com cuidado, mas sigo indo em frente. E acho que esse é um bom sinal.
Alias, de todas as coisas boas que eu tenho aprendido, o otimismo é uma das melhores. Quando você acredita em você, quem não acredita passa a ser segundo/terceiro/quarto plano. E não é egoísmo também. É só uma maneira fácil de enxergar e aceitar o mundo.
O mundo.... Já me pesou tanto, já me doeu tanto. E agora me faz até sorrir. É isso que você aprende quando percebe que não adianta lutar contra o que acontece. Você aceita. E aceitar dá um pouquinho mais de cor pra vida.
Depois que "aceitar" virou a minha palavra-chave tudo que era confuso se desfez. E todo o mundo que me pesava tanto no corpo começou a deixar de me pertencer. Com isso, mil outras dores de cabeça estão indo também. Embora seja difícil falar disso, é certo que a cura de um tempo virou a causa de outro. E me livrar disso, de uma vez por todas, foi a única solução.
As vezes - porque você não cresce de um dia pro outro - as recaídas acontecem. Vem uma saudade forte e boba do antigamente. Vem uma vontade louca. Mas adultos respiram. Asmáticos precisam respirar. E no meio desse processo eu me distraio e lembro "Essa é a paixão antiga, Jéssica, passou. Concentra na nova pras coisas acontecerem". Dá mais prazer viver assim.
Acredita. Sorri. Perdoa. Aceita. Vive.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Desfazendo o discurso ensaiado.

Já chega me machucando e nunca ameniza. Lá se vão dois anos desde a última vez e não some, não enfraquece, não diminui. Parece que tudo que acontece agora já aconteceu antes. Todos os acontecimentos são uma longa espera do que nunca volta. Talvez machuque menos agora mas só porque, de tanto doer, o corpo acostuma. A intensidade ainda é a mesma. A velocidade da montanha russa ainda é igual: uma hora lá no alto e na outra quase furando o chão. O fundo do poço já me parece confortável. E, talvez, eu não saia daqui nunca. Porque eu espero, sabe? Por alguém, alguma coisa, alguma força, alguma fé que consiga mudar meu mundo. Virar tudo de pernas pro ar. E então eu lembro que isso já me aconteceu e foi... Você. Que chegou, revirou meu mundo, mudou minha vida e me fez querer ser melhor. Depois foi embora, deixou tudo de pernas pro ar e eu consegui ficar ainda mais caótica do que era quando você apareceu. Não te culpo mais. A culpa foi minha que me enfiei em você, na sua vida, e deixei na sua mão todas as minhas esperanças de felicidade. Não se pode fazer isso. A culpa foi minha que depositei toda minha fé num ser humano e esqueci que a gente erra, falha ou simplesmente... Muda de idéia, de caminho, de vontade. Não te culpo, porque era seu direito não me querer mais, não me amar mais ou nunca ter me amado. Me culpo por ter acreditado tanto no meu amor a ponto de achar que ele era recíproco. Porque eu te amava tão cega que não conseguia enxergar o nosso fim bem ali na frente. E agora, juro, eu falo isso tudo sem raiva nenhuma de você ou da nossa história. Ela foi linda. Linda em cada pedacinho dela. Linda da primeira vez que eu fechei os olhos encostada no seu peito e dormi o sono mais tranquilo do mundo até o último beijo na praia. Nossa história é digna de ser contada com muito carinho pros netos. Pros meus, pros seus. No fundinho ainda resta uma pequena esperança de que sejam "nossos".
Você foi o meu primeiro tudo, eu fui a sua primeira tudo. E isso faz a nossa história ser linda. É bobo de dizer mas eu ainda penso em mim como sua mulher. Porque ninguém chegou tão devastador a ponto de me tirar de você. Então, mesmo sem você querer, eu sou sua. E lá se vão dois anos desde aquele dia na praia. Que você foi pra me dar tchau e eu mal sabia que era o nosso último tchau. Se eu soubesse.... Sempre penso no que eu teria feito se soubesse que aquele era o último beijo, o último abraço com carinho... Nunca mais teve troca de sentimento entre a gente. Teria aproveitado mais? Ou nem teria deixado acontecer? Você já tava tão distante, tão diferente do meu namorado. Quase virando o cara que você é hoje. Cara, alias, que me assusta e me deixa sem saber o que pensar. As vezes eu sinto que você quer ser você, quer falar comigo sendo o meu você, mas o passado cheio de cicatrizes da gente não te deixa ser. Já em outras vezes eu sinto que tudo é besteira minha, que você tá feliz sendo esse cara e que eu sou uma parte boba do seu passado que não importa mais.
É difícil controlar as emoções em meio a uma não-relação tão cheia de perguntas sem respostas. É difícil segurar o choro quando essa saudade enorme e sem explicação de você invade meu corpo todo. Porque nessas horas, em dias assim, eu preciso tanto, tanto sentir seu cheiro, seu abraço, ouvir sua voz, receber qualquer migalha sua... Que eu esqueço toda aquela história ensaiada sobre ser adulta, estar resignada e ter aceitado tudo. E vou dormir - mais uma vez - rezando, implorando e chorando pra alguém lá em cima sentir pena de mim e te fazer acordar com metade dessa saudade que eu sinto da gente.