quinta-feira, 26 de março de 2009

A Outra.

Tô com mania de Jason Mraz. E de música eletrônica. Os dois por sua causa. É, juro! Jason Mraz porque eu tenho certeza que daqui uns dois meses você vai baixar várias músicas dele no E-mule e vai ser seu novo artista favorito. E eletrônica porque me lembra a sua agitação. E Búzios. Que me lembra você. Que me lembra coisas boas. Sábado tem balada. Balada nada a ver com você. Um funk boladão. Só pra eu libertar a Outra, tomar umas cervejas baratas, fechar a noite com uma caipirinha na mão e pendurada em algum amigo do flerte mais duradouro da minha prima. Eu não saio pra balada ainda, desde o Carnaval, sabia? Sei lá, eu achei que você ia se tocar que eu sou mesmo o amor da sua vida e ia me catar, e se eu tivesse lindinha, quietinha na minha casinha, tudo seria mais fácil. Todo mundo sabe que quando eu volto pra balada, é porque desisti mais um pouco de você.Coloco de novo a máscara de mulher fatal, que só engana os trouxas que chegam querendo beijar e me beijam pensando que eu sou a Outra com o nome da minha amiga que tiver mais perto. Alias, a Outra é uma versão minha que, nossa, se fosse de verdade, ia dar um trabalhão. Mas sou só eu, com mais uma roupa, de quem perde as tardes de terça e quinta enfiada em um curso de moda. Só pra ter um diploma de moda. A Outra não passa de mim mesma, esquecendo que sou de um cara só, e me rendendo a outros playbas por aí. Mas nenhum combina, nenhum encaixa. Geralmente, é beijo e tchau! Pra que eu vô puxar papo, dá msn, telefone? Não sou eu ali embaixo daqueles quilos de porpurina, nem naquele vestido superdecotado. Não sou eu, é a Outra. A Outra dança até o chão como se fosse a coisa mais fácil do mundo, rebola que só ela, sorri pra todos seres do sexo oposto e chama atenção. No dia seguinte, sobro eu, dolorida, de ressaca e fazendo contas de quantos beijos essa desmiolada deu. Da última vez que eu soltei essa louca desvairada, não satisfeita em beijar um número de caras razoavelmente grande, encerrei a balada nos braços de um ex. Derrooooota pra Outra, ressaca moral pra mim! Sábado ela vai ter mais uma chance. O lado bom da Outra é esse, depois que ela vai embora, eu passo uns dois meses me divertindo com tudo que ela aprontou em dois dias. A verdade é que a Outra me liberta. Não liga de tirar os óculos vesga pra um carinha na micareta, não liga de fazer competição de quem-beija-mais com as amigas em choppada, dá toco no bonito, faz alegria do feio. Depois volta no bonito e pega também. A Outra é só alegria, só sorrisos, só cervejas e cigarros de menta. Só chão, chão, chão.Enquanto eu, eu sou Jason Mraz e coração. Mas não sábado. E quem sabe, dependendo do comportamento da doida, eu deixe a Outra solta mais que um final de semana, talvez até você se tocar que eu sou mesmo o amor da sua vida e resolver me catar.

De carente e louco todo mundo tem um pouco.

Cheguei a conclusão que tô meio psicótica. Doidinha mesmo, e nem é aquele doidinha de falarem "ah que bonitinha a louquinha, vou dar uns pegas nela, tão gracinha com a loucura dela!", não mesmo. É malucona, daquele jeito que só você foi capaz de aguentar. Foi né, porque quando o bicho pegou mesmo, nem você, nem ninguém ficou. Só o Christopher, meu filho peludo. Nosso filho peludo, que nem lembra mais da cara do pai dele, coitado. Alias, coitados dos outros caras que passam por mim. Só passam, feito brisa em tarde quente carioca, chega e vai embora. Você é... eu nem sei com que fenomeno da natureza eu posso te comparar, por que na verdade, assim no duro mesmo, não existe nada comparável a isso que você faz acontecer em mim. Essa coisa que me deixa maluca e psicótica e espanta qualquer cara, que não seja você, de perto de mim. E aí, como você sabe que em certa época do mês eu fico mais a perigo do que gata miando enlouquecidamente no telhado, e que nenhum outro cara vai durar tempo suficiente pra eu liberar geral, você aparece. Lindo. Moreno. Grande. De carro alto. Perfume cheiroso. Cabelo bagunçado e voz rouca. Oferecendo o que eu quero ganhar e pedindo o que eu quero ceder. E faz eu me sentir protegida do mundo. E faz eu sentir calor em lugares que eu esqueço que existem quando você tá longe. E faz eu querer mais, mais, mais. E faz eu achar que posso com o mundo. Mas você mata sua vontade, e vai embora. E eu percebo que a única pessoa que ainda me protege do mundo é meu pai - e eu apronto tanto que daqui a pouco nem ele. E o calor passa, eu só sinto frio, frio, frio. Frio no coração, e em todos os outros lugares. E eu só quero mais, mais e mais a minha cama, com meu filho peludo agarrado em mim. E entendo que eu não posso nada com o mundo, nem um fio de poder. Nadinha. O mundo também não pode comigo, ninguém pode comigo. Ninguém me aguenta, nem você, nem o mundo. Mas não é porque eu sou foda não. Muito pelo contrário. Foda é ter que me aguentar. Vê se pode, eu só preciso de um pouco de carinho seu, mas por sua causa, espanto todo mundo, inclusive você. Tão irônico que eu chego a me perguntar se é castigo, por ter sido tão irônica a vida inteira.
Pra piorar tudo, ainda tem aquele ex meio bizarro, que o tempo todo eu me pergunto no que eu tava pensando quando dei pra ele a chance de ser meu ex. Não deveria ser nada. Nadinha. Mas eu sou meio louca, viajei na batatinha e putz, namorei ele. Agora o coitado deu de achar que só porque me encontra todo dia, antes das sete da manhã, no ponto entre o meu cursinho e a faculdade dele, que voltou a ter direitos sobre mim. Minha vontade é grita um coooooooooitadooooo bem grande pra ele. Mas, pensando bem, no fundo, no fundo, eu deveria gritar coitado pra todos os outros, e isso ia dar um trabalho. Então eu abro um sorriso meio falso pra ele, não levanto os óculos escuros, as vezes até finjo que não vi e fico na esperança dele não me chamar. Mas ele chama, o desgraçado. E vem, cheio de tentaculos, pra cima de mim. Eu quase faço o sinal da cruz. Só quem deveria fazer o sinal da cruz e um bom exame mental é ele. Ora, se o motivo pelo qual ele virou mais um ex na minha vida, foi você. E se todo mundo sabe que eu respiro você, que diabos ele quer comigo, antes das sete da manhã? Rala, meu filho, mete pé. Mas ele insiste em carregar a porra do caderno da Moranguinho que minha bisa me deu. (Ah, minha bisa também me protege do mundo. Mas que meu pai e que você. Rá, minha bisa me ama.) Eu amo a minha bisa, mas ela errou feio escolhendo a Moranguinho pra esse ano. Primeiro porque aquele cheiro artificial do caderno me dá uma puta dor de cabeça. Segundo porque ele me lembra uma suburbana brega pra cacete que meu outro ex pegou, enquanto ele ainda era só meu rolo. A garota saiu lá da puta que pariu, pra estudar na Tijuca e pegar o garoto que me arrancava suspiros. Mas o que me irrita nem é isso, ela ter ficado com ele é o de menos. O que me irrita mesmo é que essa porra de cheiro de morango artificial que não cheira nada a morango, me lembra que a única garota que atrapalhou meu caminho e eu não me vinguei, foi aquela breguinha! A garota era brega, esquisita, pegou o garoto que eu achava que podia me fazer te esquecer e eu não me vinguei dela. Tudo bem, namorar ele logo depois foi uma vingancinha, mas não chegou nem perto das outras maldades que eu já fiz na vida. Mas eu tava entorpecida demais achando que finalmente tinha achado um cara que ia te tirar de dentro de mim. Mas nada. Antes ele tivesse namorado a breguinha. Ia ter evitado meia dúzia de textos catastróficos meus e esse buracão entre nós dois seria menor, bem menor. E eu ainda teria um bom amigo. Porque justiça seja feita, esse dá até um orgulhosinho de dizer que é meu ex. O cara é gente boa, gato, cheiroso também. Se eu não fosse tão maluca, teria dado certo, mas né, em coisa de maluco não se dá pitaco. E só você entende que minhas doidices devem ser caladas de outra maneira, que não sejam intermináveis brigas no mensseger e na portaria do meu prédio. Outro coitado. Mas pelo menos um coitado gato, que me superou bem rápido e partiu pra cima de outra, enquanto ainda me dava uns beijos no verão. Mas esse cara do ponto de onibus, puta merda, eu quase te ligo desesperada e peço pra aparecer. Só pra ele lembrar porque desistiu de fazer dar certo. Aloooou, eu só do certo com Ele, lembra? É, ele não lembra. Nem você. Mas o fim do mês tá chegando... Deixa só você aparecer com cara de "te como muito". Come, é? Sabe aquele meu ex que a única coisa mais bizarra que ele, é como você sente ciúmes dele? Ele também me olha com cara de "te como muito", toda manhã e ainda mora pertinho, pertinho. Mas, você sabe como é, maluco que é maluco dá valor pra coisa pequena. É só você sumir menos, me olhar com essa cara ai mais vezes e talvez, quem sabe, assim, só por acidente, andar de mão dada comigo por aí, que eu até esqueço que tenho ex. Todos eles. Só você no mundo. (Depois eu digo que não mereço ser castigada com a irônia do Universo!)

Existem amores que o dinheiro não compra. Para todos os outros, existe MasterCard.

Hoje eu já acordei com voz, o que é um alívio pra um ser-humano que tem como característica principal falar demais. Hoje eu também já pude sair de casa. Odeio ficar doente, mas vivo ficando, e quando a doença vai embora e eu posso voltar pro mundo, sempre tenho a mesma sensação: eu sou mesmo daqui? E enquanto tomava banho, pra voltar pra vida, fiquei na dúvida se colocava o casaco e ia pra mais uma aula gelada e chata do cursinho, ou me enfiava no biquine vermelho de bolinhas e ia na praia atras dele. Eu nem sabia se hoje era dia dele tá na praia, afinal, quem iria querer aula de surf numa quinta-feira de outono? Mas ir até lá, só pra conferir se ele tava dando aula ou não, me pareceu a aventura pós-laringofaringite ideal. Eu estava quase me empolgando de vez e pegando a canga, quando ela apareceu. A porra da minha consciência. Não faz isso, vai até lá pra que? É tão longe. E daí, minha filha? São só sete da manhã e hoje aqui em casa tem faxina até as três da tarde, eu tenho que ficar na rua de qualquer jeito. Não vai, ele nem deve tá lá. E daí? Eu do um mergulho, converso com Deus (você sabe dessa mania que eu tenho de achar que na praia tô mais perto Dele.), pego um sol fresquinho e volto, linda e com as bochechas meio rosinhas. Não vai, Jéssica, ele pode estar ocupado. Ih, como você é cri-cri, hein!? Eu só quero dois minutos de atenção e um copo de Matte com limonada de galão. Tá maluca? Você nunca gostou disso, sempre teve nojo. É, mas agora eu gosto. Posso, finalmente, por o biquine, queridinha? Então ela deu o golpe final: Não vai, ele pode tá lá com outra! Pronto, desgraçada, desgraçou os meus planos, satisfeita?! Vesti a calça jeans, a bata cinza, peguei um casaco colorido e a bolsa amarela e fui. Eu e meu cigarro matinal. Que se foda minha garganta também, não posso ir pra praia, então vou fumar! No meio do caminho me lembrei não não tinha tomado café. Minha paciência pro cursinho era nula e eu ainda ia passar fome. Fui pro shopping. Eu adiquiri mais uma mania, desde a última vez que conversei com ele. Me enfio em cafés de livrarias e sou capaz de devorar um livro inteiro, se me deixarem largada ali, na mesinha do canto, pelo preço de um Chá com leite. Dessa vez ainda pedi um salgado e comprei o livro. Na verdade, comprei dois. Um da Clarice Lispector, outro da Tati Bernardi. Se ele visse minhas compras, iria logo falar que eu só leio chicklit, mas eu assinei o papelzinho do MasterCard toda feliz! Passei a manhã na livraria, lendo Clarice, ouvindo Jason Mraz e tomando chá com leite. Quase não lembrei dele, quase não pensei que eu podia estar na praia, vendo ele dar aula de surf pra algum sequelado que tem aulas de surf em numa quinta-feira de outono e ainda tive um orgasmo intelectual... Tantas idéias, tanta inspiração! Resolvi almoçar por ali também, que se foda a conta do cartão de crédito! Frango grelhado com arroz, salada - que eu dispensei - e um copo de Matte! Depois do almoço, o shopping finalmente tinha cara de shopping e eu resolvi abusar. Já que não podia adimirar a perfeição em forma humana na praia, finalmente compraria aquele vestido que eu tô namorando há séculos. Comprei. E junto dele, uma calça. Uma blusa. Um casaco e mais umas duas sandalhas. Ah, qual é, eu tava doente, emagreci, preciso de roupas novas! Dois andares e quase o limite do meu cartão depois, me veio, do nada, uma esperança meio boba de encontrar ele perto daquela loja que ele disse que aluga cd de jogos do video game mega-ultra-power-moderno que ganhou do pai. Passei lá, mas nada. Tá bom, consciência querida, hoje não é pra eu ver ele, né? Vou te fuder, sua vaca. Mandei pra dentro de mim (e pra conta do MasterCard) um brownie com sorvete, bem caro lá do café da livraria. Depois eu malho e gasto as calorias, mas o dinheiro gasto, esse a minha consciência não vai esquecer nunca! Cheguei em casa ainda pouco, feliz, por mais incrível que isso possa parecer. Não encontrei meu amorzinho, mas adiquiri vários outros amores. Com o cartão de crédito, ainda por cima. Chupa essa manga, consciência. Mas cuidado pra não engasgar e ficar muda, pra sempre.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Aliança.

Aqui estamos nós, depois de quanto tempo mesmo? Eu nem sei mais, e é tudo tão assustador como eu, com minha mente detalhista, imaginei que seria. Pra melhorar as coisas, o tempo que nos demos parece ter passado rápido demais. Até pra nós dois, que tinhamos pressa de resolver. Não seria má idéia congelar cada momento vivido, mas não tivemos tempo nem pra isso, ele passou correndo, quase nos atropelando, só pra nos lembrar que o futuro é amanhã, e não daqui a quatro meses. Aqui estamos nós, e bom, vai dizer que você também não tá meio sem jeito?! Parece que tem séculos desde o último beijo e do último eu te amo, na entrada da praia. Mas na verdade faz pouco mais (ou pouco menos?) de um mês. Fico te olhando e meu estômago revira, enquanto meu cérebro tenta buscar nos seus arquivos a resposta de por qual motivo nossos reencontros são sempre meio desajeitados e confusos. Nós deveriamos estar mais que acostumados em nos reencontrar, já que nossa maior especialidade é nos deixar escapar um do outro. Mas meu cérebro falho, de quem muito fez luzes loiras, não acha resposta pra isso e eu apelo pra você, rezando pra que pelo menos esse assunto dure mais de dois minutos, sem mais silêncio constrangedor depois. Você ri, e eu sinto uma pontada boa na alma, pelo menos a sua risada ainda é exatamente igual a do moleque de catorze anos que eu conheci! Ri e depois sacode a cabeça iniciando o assunto, ponto pra mim.
Sua teoria não é muito convincente, mas como já tem dez minutos que a gente tá falando sem parar, eu me faço de desentendida-super-interessada e te deixo reinando, do jeito que você gosta. Mas parece não ter jeito, estamos aqui pra uma conversa definitiva, afinal de contas. Quantas mesmo já tivemos? Bom, números nunca foram o meu forte, sei que foram muitas, sempre definitivas. Definição essa que dura até a nossa próxima troca de olhares. De toda essa confusão, uma coisa é certa: por mais que você negue, por mais que eu negue e por mais, muito mais, que a sua mãe reze, alguma força superior apronta e nos coloca sempre de frente um pro outro, de novo. Mesmo que essa força superior na verdade seja pequena, morena e se chame Fernanda!
Você começa - por incrível que pareça, eu ainda tenho medo de te falar o que penso - diz que nossas vidas mudaram muito, você agora tem outros objetivos, e que bom, meu estilo de vida não encaixa, porém, olha que destino louco, você me ama! Agora é minha vez. Respiro fundo, lembro de quantas e quantas vezes eu mudei meu estilo de vida pra encaixar no seu quando a hora da próxima conversa definitiva chegasse, e nunca deu certo. Temo o futuro, porque dessa vez eu não fiz nada: não mudei meu jeito de andar, não parei de fumar, não parei de falar meio alto quando tô empolgada, não me obriguei a ter sempre os óculos na bolsa pra não ter que forçar a vista e ficar com a cara engraçada que você falava, não li jornal, não me informei das ondas, não sei quais filmes tão passando no cinema... Mesmo assim começo o discurso em minha defesa. Sou eu quem aguenta a quatro anos a sua bipolaridade emocional. Fui eu quem decorei as falas dos seus filmes prediletos, só pra te agradar. Sou eu e só eu, que sei cada um dos seus medos e desejos. Também é comigo e só comigo que você é você de verdade. Sem a máscara de homem durão. Eu errei, é verdade, mas você também errou e até quando a gente vai se castigar por isso?! Você afirma com a cabeça, sei que tá pensando. É tudo como sempre, já até sei o final. Um beijo molhado e mais promessas de que o tempo cura tudo, e que o que tiver que ser, será.
Acordo, abro os olhos e procuro a grande e linda parede uva. Encontro. Fecho os olhos e o barulho do mar tá bem ali, no lugar dele, em frente a varanda. Quando ameaço levantar, você aparece, lindo de cabelo bagunçado e cara amassada. Espantando de vez a lembrança do pesadelo que me atormetará durante um ano inteiro e voltará essa noite, mas agora ele é realmente e comprovadamente só um pesadelo. O anel no dedo da minha mão direita não me deixa vacilar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Deixando de ser um vegetal.

Hoje em Grey's Anatomy, o cara já tava a 16 anos desacordado. Os médicos da Casa de Saúde falavam que ele tava em estado vegetativo, então, em uma bela manhã, quando iam dar banho nele, ele caiu e teve que ir pro hospital de Seattle. Lá, enquanto a Meredith se lamentava mais uma vez por ser a amante fracassada do Dr. Shapard e limpava o ferimento do cara, ele abriu os olhos e olhou bem no fundão dos olhos dela. Dr. Shapard e Meredith - como a boa dupla que são - descobriram que ele não estava em estado vegetativo, o cérebro dele reagia ao som da voz da Meredith, logo, descobriram um jeito de acorda-lo de vez. Foram chamar a esposa dele e bum, surpresa! Ela tava grávida e casada com outro. O cara ficou 16 anos dormindo, po, queria o que, que ela esperasse?! Então o Dr. Shapard disse que ia colocar alguma coisa, que eu não lembro o nome, no soro dele e em algumas horas ele estaria, realmente, acordado. Vivendo, sabe?! E como a esposa ia contar toda essa novidade? Principalmente, com o fato de que ele não tinha a mínima noção de quantos anos ficou dormindo. Sabe o que ela fez? Fugiu. Ela, o marido, o neném na barriga e o filho dela com o cara. Sairam todos correndo do hospital. Era pressão demais!Eu só queria saber porque em casos decisivos as pessoas fogem. Tudo bem que eu sou intensa pra caramba, e qualquer coisinha comigo vira uma coisona, mas se ninguém passa pela fase inicial, como vão conhecer o meio? Assim como qualquer notícia ruim que deve ser dada depois do susto, eu melhoro! Mas o pior nem foi ficar pensando nisso, o pior mesmo foi ver o cara todo desolado quando descobriu. Eu chorei dois litros. Por mais blasé que isso possa parecer, eu sei como ele se sentiu. Sozinho e abandonado pela pessoa que ele amava, depois de anos de união. Ok, o cara ficou anos dormindo também, mas antes disso eles já tinham uma história. Ok, eu não fui abandonada ppela pessoa que eu amava, nós nos abandonamos, os dois. Desistimos um do outro, depois de mais de vinte tentativas de melhorar. Mas, de qualquer forma, tudo que aquele cara sentiu, me atingiu lá no fundo da alma. Hoje foi a primeira vez que eu chorei, desde o carnaval! Ah, já faz muito tempo desde o carnaval...eu sou carente, cara, porque ninguém entende isso?! Mas tudo bem, por mais incrível que possa parecer, lembranças andam me satisfazendo. Até porque nas lembranças já me machucaram e eu já superei, então nenhuma ferida nova vai se abrir, só ficam as coisas boas! Eu consigo sorrir lembrando do carnaval, lembrando daquele dia na praia, lembrando do churrasco na Marcela, hoje eu lembrei até da primeira vez que a gente foi naquele shopping de pobres juntos pela primeira vez, caramba, eu fiquei com a boca dormente de tanto beijar! Eu consigo sorrir, e não chorar! Se você soubesse como isso me faz bem. Sorrir ao lembrar de você...que sensação boa! A mesma de tantos anos atras, o que me leva a concluir que eu gosto de você exatamente do jeito que eu gostava quando tinha doze anos. E lá vai mais um clichê: eu gosto de gostar de você. Mesmo que doa as vezes, mesmo que me arranque lágrimas, mesmo que você fuja antes do meio chegar, mesmo que só de vez em quando, mesmo que seja difícil, mesmo que sua mãe não suporte nem ouvir meu nome, mesmo que você tenha comprado um cachorro e eu tenha alergia a pelo de cachorro, mesmo que você de vez em quando cisma de fingir que é indiferente a mim. Mesmo com isso tudo, gostar de você é a coisa que eu sei fazer melhor na vida. Treinei muito pra isso. E bom, o Dr. Shapard não é o melhor pra Meredith, mas ela dava a vida pra ele escolher ela. E então, se eu te oferecer a minha vida e milhares de dias igual aos da praia, será que você para de fugir e sumir e fica de vez?! Porque do estado vegetativo eu já acordei, só falta você.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Se tentar entender, estraga.

- O que você quer da vida?
- Sei lá, pouca coisa. Um cara que me tire o ar, mas de tanta alegria e não de tanto sofrimento; que me dê um filho lindo; entenda meus ataques de loucura, mas não seja um louco. Ele tem que gostar da minha voz de bebê e rir dela quantas vezes eu fizer, porque ela é parte de mim, e eu bem já tentei parar, mas não dá. Tem que reparar em todas as vezes que eu mudar o cabelo, mesmo que sejam milhares por mês; tem que me abraçar e falar que tá comigo, mesmo na minha pior TPM. Também tem que me fazer surpresas sempre; não reclamar de me buscar em qualquer lugar a qualquer hora; tem que me amar muito, mas antes disso, amar a ele mesmo. Tem que tá do meu lado sempre, mas precisa entender que as vezes preciso ficar sozinha. Que ele malhe comigo, estude comigo, durma comigo...mesmo quando eu quero só dormir! Não ligo também se ele tiver um sorriso lindo, os olhos pequenininhos e um abraço de urso. Ia ser bem bom se ele fosse moreno e a mão dele fechasse a minha. Melhor ainda se ele também tivesse mania de me levantar no colo e de morder minhas bochechas. Ele tem que gostar muito dos meus irmãos também e se dar muito bem com toda minha família. Tem que rir da minha mãe bebada, não ter medo do meu pai e brincar muito com o Dudu. Tem que me ajudar com a Nanda (a Nanda não tá fácil, não, viu?!) e entender que ela é o maior amor da minha vida. Ele pode até ter um ciuminho dos meus amigos, mas precisa entender que cada um tem um lugar diferente no meu coração. Tem que acreditar quando eu digo que amo, e não pensar muito no meu passado. Tem que se vestir bem, ter um estilinho e presença marcante. Tem que ser grande, pra eu me sentir pequena e frágil perto dele. Mas tem que ter momentos fracos, pra eu saber que ele precisa tanto de mim quanto eu dele. Tem que gostar de ler, porque eu adoro escrever. E, de vez em quando, não sempre, tem que me escrever alguma coisa fofa. Tem que lembrar das datas importantes e me ligar algumas vezes por dia só pra falar que me ama. Tem que ser meio homem, meio moleque. Tem que me achar linda, mesmo quando eu tiver cheia de espinhas e com o cabelo bagunçado. Tem que saber dançar e não julgar muito o meu gosto musical latino-americano demais. É, acho que é só isso!
- Só isso? Você praticamente descreveu o cara perfeito, e fala SÓ isso?
- É.
- E você acha que vai encontrar?
- Já encontrei, há cinco anos atras.
- E ai? Cadê ele?
- Tá vindo.
- Vindo da onde?
- Vindo pra mim.
- Ué, vocês não tão namorando? Do jeito que você falou, achei que fosse seu namorado...
- Eu sou dele e ele é meu, mesmo quando a gente tentou muito, isso não mudou.
- Hãn?! Não entendi. Ele é ou não seu namorado?
- Ele é o homem da minha vida, pra mim, isso serve.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Amor demais.

Eu te amo, como o homem ama o fato de poder ser responsável por suas palavras e atos. Eu te amo com todas minhas amargas e doces palavras e todos meus pensados e impensados atos. Te amo no meio do rancor, onde eu quase consigo falar que não amo. Te amo nas glórias e ainda mais nas tristezas, pois supera-las me dão a certeza de que não amo à toa. Te amo amigo, te amo amante e ouso dizer - levando-se em conta que nós, seres-humanos, só adoramos a alguma força maior que nós - que sou capaz de te adorar amigo-amante. Te amo um, dois, cinco anos. Mas sempre amor novo, renovado. Chama que não se apaga, fogueira que queima só de estar próximo. Te amo com a chama do poeta que será eterna enquanto durar. E muito durará, posto que te amo com um amor ainda desconhecido pelos estudos de todo mundo, pois se o fosse, já teriam achado palavra maior que amor. Te amo com toda incapacidade que o clichê amor tem. Essa palavra me parece pequena e banal, digo por mim mesma, que cheguei a banaliza-la, pra tentar tirar de mim todo esse sentimento, que por tantas vezes, não foi correspondido. Te amo com esperança no futuro e com olhos brilhantes de criança, que deseja logo o final feliz. Eu te amo, e não mais com o coração egoista, que te deseja só pra mim. Te amo e ainda amarei, mesmo que, um dia, seu amor clichê passe pra outras. Te amo e não canso de repetir que amo, ainda que o mundo e você se cansem, eu sempre estarei pronta pra reafirmar todo amor, porque um dia o fogo quase se apagou, resultado da sua falta de incentivo. Pois que deixe de incentivar, ainda assim vou amar! Te amo com fé de que o futuro será da minha maneira, passando longe dos seus planos. Te amo com a certeza de que por mais que você se vá, ainda há de voltar. Tanto amor será guardado. Te amo com lágrimas, sorrisos, olhos, bocas, mãos, pele, arrepios e ainda mais com coração. Te amo como quem ama a vida, porque viver é muito mais fácil quando você está perto. Te amo como quem precisa do ar, porque respirar é leve quando tenho que respirar o seu ar. Te amo nos boas e nas más lembranças e em nenhuma delas consigo evitar o sorriso de surgir ao lembrar do seu. Te amo com toda minha capacidade de acreditar que tanto amar e tanto desejar te farão perceber que mesmo que eu esteja longe de ser a melhor opção, ainda sou a que mais ama. Te amo ontem, hoje, e sempre. E vou amar mesmo que não volte, mesmo que não queria acreditar, mesmo que tudo tenha sido um engano. Pois ainda que não egoista, não infantil e muito prudente, te amo boba, como qualquer outra mulher.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Pra vida.

É tudo intenso demais, e eu assumo, sou fraca demais pra tanta intensidade. Prefiro me recolher agora, prefiro que ninguém perceba a minha retirada estratégica pra que eu possa me refugiar no primeiro canto. Sozinha. Eu e eu. Como sempre foi. Como sempre há de ser. Passei todo esse tempo procurando um braço onde eu pudesse, de vez em quando, deixar largado todos meus problemas, um braço onde eu poderia ser eu leve. Mas só encontrei intensidade. Só encontrei pressão, cobrança. De intensa já basta a vida. Essa maldita dessa vida, que por mais que eu implore, continua vindo intensa e complicada. Eu ando numa de querer tudo fácil, tudo leve. Mas a vida só me manda peso, só me manda nó. Não, vida, eu não tô afim de perder meu tempo desfazendo nó. Principalmente esse, que me parece muito mais um nó cego. Não tô com saco pra puxar pra cá, pra lá, pra cima, pra baixo. Não tenho forças pra afrouxar nada. Tá apertado? Deixa assim, vida. Vai por mim, é melhor não se meter nas coisas. Eu cansei, desisti. É, senhora vida, eu desisti dos obstáculos que você andou me colocando. Agora eu tô nas suas mãos e vou pro lado que você quiser. Não vou lutar, não vou me debater. Cai na rede, assumo, me rendo. E me diz, vida, você já viu algum peixe sair da rede porque estava se debatendo? Pois é, ele só morre mais rápido. Então, aqui estou, parada, imóvel. Entregue ao rumo que você quiser me dar. Se você acha que o melhor pra mim é ser assim, sozinha, tudo bem, eu me acostumo a ter a mim mesma. Se você acha que eu preciso passar pela humilhação de mais vinte pés na bunda, tudo bem, aqui está minha bunda, pronta pra todos os pés que vierem. Meu coração está rendido, entregue. Vou sofrer e sangrar o quanto você quiser. E tudo bem se você achar que depois disso tudo eu não mereço ser feliz. Aonde tá escrito que as pessoas nascem pra ser felizes? Eu acho até que posso vir a virar lenda: A mulher que teve o coração mais machucado do mundo! Olha, vida, não vou ter um amor, mais vou ter um lugar na história! Pena que eu já vou estar morta, porque só assim mesmo pra alguém me dar valor, depois que cada cinza minha estiver em uma parte do oceano. Mas tudo bem, pelo menos alguém vai lembrar de mim. E bom, como eu já disse, não tô muito afim de ficar argumentando, nem explicando, nem pedindo nada. Só quero me retirar sem que muita gente perceba e ficar aqui, quieta no meu canto. Sozinha. Eu e eu. Como sempre foi. Como sempre há de ser.

terça-feira, 3 de março de 2009

Nemo, pizza, nenhuma melhor.

Você disse, você confirmou tudo do que eu suspeitava. Em uma única noite, você jogou bem na minha cara dois dos meus maiores medos. Um: você tem outra. Dois: você quer me esquecer. Me esquecer? Às vezes eu penso que você é um grande filho da puta. Eu fui atrás, eu larguei tudo, mais uma vez troquei tudo por você. E você diz com essa carinha de bobão que quer me esquecer. O que me consola é que você não vai conseguir. Não vai. Você pode conhecer outras, essa ai do teu lado pode ser mil vezes mais inteligente, mil vezes melhor de papo, mil vezes mais bem vestida, mil vezes melhor na cama, mil vezes mais linda. Ela pode ser tudo melhor que eu, mas ela não se chama Jéssica. Ela não te arrepia com um arrastar de unhas no braço, não te deixa com vontade de gritar cada vez que toca seu corpo. Você pode tentar, pode rodar o mundo procurando, mas não existe ninguém melhor, pra você, do que eu. Não to sendo convencida, você sabe que eu não sou assim. Só to sendo realista. Que outra trocaria uma festa por uma noite em casa vendo filme e comendo pizza? Que outra trocaria as amigas por qualquer coisa com você? Que outra agüentaria, quieta, seus momentos de mau-humor e tentaria te fazer sorrir mesmo diante de todas suas patatas? Com que outra você consegue ser palhaço, sem precisar forçar a barra de homem sério?
Vai, põe logo esse desenho de peixe no DVD e vem deitar aqui do meu lado. Para de procurar, para de tentar me esquecer. Você não vai conseguir e a gente só ta perdendo tempo. Vem logo, nosso final feliz ta nos esperando bem ali na frente. Ninguém, nenhuma outra vai te amar mais do que eu te amo. Nenhuma outra vai te conhecer mais do que eu te conheço e nenhuma, nenhuma outra vai dedicar a você todos os sentimentos mais lindos que eu dedico. Para de pensar nas coisas ruins. Temos momentos tão lindos. Lembra da primeira viajem? E do primeiro eu te amo? A primeira briga que eu fiz você se secar com a minha toalha só pra sentir meu cheiro? Não tem jeito, meu bem, nós somos o destino um do outro e você só ta atrasando as coisas. Então, esquece logo essa loucura, deita aqui do meu lado pra eu te fazer um carinho. Amanhã, quando você acordar, tudo isso de separação não vai ter passado de um pesadelo.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sol.

Quando nós somos pequenos, somos ensinados a amar a mamãe, amar o papai, a titia, a vovó e para os mais carentes, amar até o cachorrinho (coisa que eu nunca aprendi), enfim nos ensinam que o maior e melhor sentimento que podemos ter por alguém é o amor. E enquanto se é criança amar é fácil, amar é leve, feito bola de sabão, feito comer brigadeiro na colher. Amar para as crianças é normal e simples. Crescemos e nos deparamos com um novo tipo de amor, amor este que nos consome por dentro. Como é bom sentir o primeiro amor nos invadir a mente, o corpo, os gestos e a alma. E vem alguém e diz que é Pop Love, coisa de pré-adolescente entusiasmado. Maior bobeira! Se com dois, três anos já sabemos que amar a mamãe é o mais importante da vida, o obvio é que com doze, treze nos seja apresentado o amor por outro. Outro esse que não tem ligação de sangue, não tem ligação familiar nenhuma. Só de alma. Encontro de almas. Foi assim com nós dois. Duas almas pequenas e escondidas em um cantinho do corpo, pra ninguém perceber que existiam, se encontraram e lá estava o primeiro amor. Primeiro meu, primeiro seu. O caminho até aqui não foi simples, não foi leve. Se pude comparar o amor pela mamãe com uma bola de sabão, me atrevo a comparar o nosso com o Sol. Grande, maior que tudo que conhecemos. Quente, capaz de fazer nosso sangue ferver em dois segundos. Egoísta, sua simples presença tira de foco qualquer outro sentimento que possa ter dentro de nós. Grande, quente e egoísta. Nosso amor. Nosso jeito de amar. Um querer louco de ter um só para o outro. Uma vontade absurda de vivermos trancados, só nós dois, em qualquer lugar. Quer casar? Eu caso, é só me olhar com esses olhos de ursinho pedindo carinho. Quer fugir? Se você abre um sorriso, eu fujo até pro lugar mais frio do mundo, logo eu que odeio frio. Quer um filho? Mais só um? Eu coloco no mundo com a maior alegria que existe, pelo menos, cinco cópias suas. Assim idênticos a você. Com a pele morena, o cabelo bagunçado, o sorriso de comercial de pasta de dente e os olhos. Por favor, Deus, que meus filhos tenham aqueles olhos! Tão marronzinhos, tão bonitinhos, tão pequenos e expressivos. Por favor, por favor! E quando você me olhou, às quatro e meia da manhã, na beira da praia e disse, com a voz mais linda e rouca de quem ta morrendo de vontade, que sentiu minha falta e que nada mais seria do jeito que estava sendo, eu senti. Senti o amor dando espaço pra adoração. Adorar um sentimento maior que tudo, é o que diz o Aurélio, o amor e o carinho ainda estão aqui, mas desde aquela madrugada o que eu sinto por você é quase sufocador. Eu fico o tempo todo repetindo pra mim mesma que não posso perder o ar a cada sorriso, nem posso passar a tarde olhando pra nossa foto. Ar, ar, ar. E você grudou a boca no meu pescoço, e eu me entreguei. De novo, sem ar, sem medos. Por que eu não sinto medo com você? Então, voltamos a ser eu e você. Eu, você e nosso Amor Sol. Que ferveu nosso sangue e tirou de nós a capacidade de pensar. Tanto que estamos, de novo, entregues um ao outro, mesmo depois de tanto tempo, de tantas feridas, de tantos tropeços e tombos. Eu, você. Eu e você. Separados apenas pela distância da sua casa à minha. Mas unidos pelas nossas almas, que desde o dia que se encontraram não saíram do lado uma da outra.