Conheci uma Garota Acessório e passei a me sentir 65% mais digna de ser mulher. Os 35% negativos ficam por conta do cabelo maravilhoso e dos braços fininhos. Invejei, não nego. Mas ao longo da noite percebi que eu com meu cabelo meio claro, meio escuro, meio liso, meio emaranhado e meus braços herdados de sabe-se lá que geração de lavadeiras da família Martins, me divertia e me dava ao direito de ser muito mais que a tal garota. Ser qualquer coisa que eu quisesse, sabe? A metidinha da área vip, a deslumbrada pelo ator da novela das oito estar do lado, a louca que dança fazendo bico e levantando os braços, a descabelada que deixa a bebida derramar porque não que parar de dançar pra beber. Naquela noite, tão fora da minha realidade e tão dentro das minhas possibilidades, eu pude ser, quantas vezes eu quis ser, a mulher que me desse na telha. E a Garota Acessório só podia ser isso. Porque ninguém perguntou pra ela se ela queria ser outra coisa. Só mandaram ela colocar um vestido bonito, exibir os cabelos maravilhoso e estar ali pra completar um grupo onde cada uma é uma Garota-Alguma-Coisa - e eu não preciso nomea-las pra vocês entenderem. A garota acessório se quis dançar, dançou sozinha. Se quis beber, pegou dos outros porque é bonita. Se quis ser mais que um acessório, não conseguiu. Ali, naquele meio, ela era só o enfeite que as outras precisavam pra completar um grupo de mulheres lindas que ganham bebidas de caras que são chamados de babacas no fim da noite, mas saem de lá chamando elas de.... Deixa pra lá.
E eu com meu cartão de crédito bloqueado pela caixa leza que não soube passar? Senti pena. Bebi pouco, dancei muito, ri demais e... Fui eu.
Depois descobri que a Garota Acessório é o que é em qualquer grupo, em qualquer situação. Ninguém liga pro que ela pensa, ninguém precisa da opnião dela. Só da aparência. Igualzinho um cordão bonito, chique, chamativo, que a gente paga uma nota porque ele encantas os olhos, mas sabemos que não vamos usa-lo pra sempre.
Coitada.
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