terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Princesa, mulher, leonina.

Eu nunca tive medo de me mostrar. Mas eu também nunca tive quem me fizesse sentir culpa de ser assim. Agora eu tenho. Me sinto culpada por chamar a atenção. E o pior é que ninguém, absolutamente ninguém, entende. Se eu não sou simpática, se eu tenho essa cara de nojinho e esse nariz em pé pra, praticamente, tudo que é novo, é só o meu jeito. Se eu sou super simpática, e faço qualquer pessoa sorrir, é só o meu jeito. Eu sou assim, bipolar, paranóica, psicótica, problematica, simpática, um docinho. Sua mãe, provavelmente, vai me amar. Seu irmão mais novo também. Agora aquela sua amiga distante, eu já não sei. Pessoas distantes nunca gostam de mim. Eu devo ter uma cara de possesiva, eu devo por medo nas pessoas. Devo não, eu ponho medo nas pessoas de fora. Já me falaram isso. Mas eu sou leonina, o que posso fazer? O que me é novo, não me agrada. E se eu tiver andando com você e aquela sua amiga distante chegar, desculpa, mas é automático o meu nariz empinar, a minha cara de nojinho se formar e o meu sorriso falso se abrir. Eu faço questão que ela entenda que está atrapalhando. Eu sou sincera, mesmo que as vezes você duvide disso. Eu não gosto de gente demais em uma relação, mesmo que as vezes pareça que eu meto gente demais. Eu não gosto de opniões alheias, mesmo que eu recorra a elas muitas vezes. Eu não gosto de ser submissa em uma relação, mas não suporto a idéia de que você se submeta a mim. Escolhe o filme, fala que vai fazer tal coisa e pronto, puxa meu cabelo, fala que você sabe que eu te amo e que não adianta eu fazer doce não falando isso pra vocês, fala que prefere meu cabelo assim, que eu fico linda de oculos. Vai, fala que minha bunda fica foda naquele short jeans curtinho, mas que ele é curtinho demais pra usar longe de você. Me chama de sua mulher e depois me chama de princesa, nunca só de princesa. Principes são chatos demais por serem principes o tempo todo. Eu gosto de aventura, gosto de ouvir coisas sem nexo, enquanto vejo seu olhinho fechando quase chegando lá. Eu gosto de ver sua cara quando eu passo arrumando o decote. Mas eu também gosto de ser a sua princesa. Só tô pedindo pra você medir, tem horas que sou princesa, tem horas que sou mulher e quero ser tratada como mulher. É, eu sou mimada, fiz curso de etiqueta, tenho vergonha da sua família. Mas aqui no quarto somos eu e você. E aqui no quarto eu quero me mostrar, quero me sentir, quero poder mandar e ser mandada. Porque mulher é assim, gosta dessa coisa de ser complexa. Eu sou complexa e você aceitou isso quando me pediu pra ser sua. Eu fui sua naquela noite de inverno na casa de praia, eu fui sua hoje e vou continuar sendo sua, mas entende, eu sou leonina. Sou bipolar, paranóica, psicótica, problematica, simpática, um docinho. Eu tenho mania de superioridade, cresci tendo que pensar só em três pessoas, eu o Dudu e a Nanda. Neles eu pensei a vida inteira, você chegou faz algum tempo, mas não é fácil aceitar assim que você, realmente, goste de mim. Por isso, o pé atras, o jeito estranho. Mas quando você me trata como mulher, eu vejo no seu olhinho quase fechando que essa é a verdade e quase me entrego, querendo ser pra sempre a princesa do seu conto de fadas.

3 comentários:

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  2. toda princesa ser mulher, toda mulher precisa ser princesa. No mundo real não dá pra ser um, sem ser o outro, temos que ser princesa-mulher, mulher-princesa, temos que ser dois em um, o tempo todo, porque nunca sabemos quando vamos precisar ser uma, ou quando vamos precisar ser a outra... Deixemos os escritores escolherem em qual livros vão ter a princesa, ou em qual vão ter a mulher. Na vida real não! Não dá pra ser assim, temos quer ser os dois, o um, o tudo.

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