segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Maldade.

É, você me ama. Eu sei. Ai tá, já pode parar de dizer o tempo todo que quer ter uma filha com a minha mãozinha e meu jeitinho. Para, pelo amor de Deus, de falar tudo no diminutivo. Que esse bando de diminutivo me faz lembrar nojinho, é nojinho, essa coisa que me dá quando você vem meloso demais pra cima de mim. Não, meu bem, eu não vou passar carnaval com você. No carnaval eu vou pra Búzios, encontrar aquele gringo maravilhoso que vai ser o pai dos meus filhos californianos. Eu nunca te iludi. Nunca falei que te amava e muito menos que queria ser mãe dessa criança que você sonha em ter. Se eu não aguento uma de mim, imagina duas. É, eu já entendi que não tô dando valor pra quem me dá. Fazer o que, nasci assim! Deus me fez com o pulmão fraco e o fígado forte, eu fui programada pra curtir a vida e não pra amar a ponto de ficar sem ar. Amor, por mais triste que seja assumir, foi um sentimento que meu coração burro aprendeu sozinho. Não nasci com ele dentro de mim. O amor apareceu depois de uma meia duzia de homens tentar, sem sucesso, me incluir no mundo dos que amam. E o pior, essa uma duzia desejava mesmo o meu amor, tanto ou mais que você, e eu não fui capaz de amar nenhum deles. Só fui amar mesmo quando um cara ai caiu de para-quedas no meu caminho. Um cara que me faz, agora, entender porque todo meu corpo recusou durante muito tempo o amor. E, lamento te informar, querido, mas você surgiu bem na hora que o que eu mais quero é me afastar desse sentimento idiota, de novo. Eu sei que posso me arrepender, que tô jogando fora quem me ama, que tô maltratando um coração que só quer me fazer feliz e mais um bando desses clichês velhos que gente como você usa, mas eu voltei a ser dura, a ser fria, a ser a boa e velha Jéssica egocêntrica e mimada. E não é fácil entrar no coração dessa. E se te adianta um conselho, lá vai: pode parar de tentar. Se eu tiver que te amar um dia, vou amar sem você fazer nenhum desses esforços. Vou te amar sem flores, sem aneis, sem planos pros filhos que podemos ter. Vou te amar porque um dia simplesmente vou acordar e sentir que te amo. Mas esse dia não é amanhã, daqui a duas semanas ou um mês. Se esse dia chegar, o que eu duvido, vai ser depois que meu coração sair do estado de gelo em que ele se colocou pra curar feridas. E ainda falta tempo demais pra isso. Segue sua vida, eu já disse. É, você é mesmo tudo, absolutamente, tudo que eu queria que ele fosse, mas você não é ele. E eu não posso sentir afeto, nesse momento, por ninguém que não seja ele. Agora, que eu já disse isso tudo, larga minha mão, por favor, que eu não aguento mais fingir que gosto desse carinho chato que você faz. E não aguento mais também acordar com o celular tocando, me encher de esperança e ver que é só você. Eu não quero suas ligações, não agora. E você é bom demais pra ter do seu lado, alguém assim como eu. Pra eu ter um cara legal, como você, comigo, eu preciso me amar muito. E no momento eu me odeio demais. Só vou te fazer infeliz. Então, sai por aí, procura uma loira de verdade, uma princesinha sem o coração de gelo e vai ser feliz. Anda, larga minha mão.

Um comentário:

  1. Esse foi sobre mim, né? Confessa Jess, que você teve algum tipo sinistro de premonição, porque não é possível alguém dizer com tanta exatidão tudo o que eu sinto e não confesso pra ninguém. Muitas vezes eu só assumo as coisas pra mim, quando leio aqui as coisas que você escreve; aí as coisas ficam tão claras, como se elas estivessem assim o tempo inteiro.
    Como você disse no outro dia... COMO VOCÊ PODE ME CONHECER TANTO, ME DIZ!! Mesmo que nem tivesse a mínima noção de que alguém compartilhava desse mesmo tipo de sentimento louco quando escreveu tudo isso.
    Pelo menos eu sei que não sou tão extraterrestre assim! HAHAHHAHAHA que bom que você me entende.

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