terça-feira, 12 de maio de 2009

Bendito fruto entre os caras.

Desde o dia que eu assumi a minha fossa, penso em como seria se eu fosse diferente. Se eu fosse como uma dessas meninas que não escrevem declarações no profile, e vivem na night. Dessas que não estão nem aí pro que tão falando delas. Mais ou menos como aquela garota meio suspeita que viajou com você e seus amigos no carnaval. Eu não gostei dela assim que eu vi, sem motivo, sem explicação. Ok, talvez as coisas que escutei sobre ela tenham me ajudado, mais ainda assim, eu não podia julgar, já que o que ouvi era a opnião dos outros. Mas julguei, amarrei a cara todas as vezes que ela chegou perto. Pô, pera aí né, era uma menina no meio de quatro caras. Que que isso, minha gente? Mas sabe do que eu lembrei hoje, pensando pela milésima vez o que eu posso fazer pra sair desse estado infernal? Eu já fui dessas. Eu já fui a garota que todo mundo falava mal e era feliz mesmo assim. Eu já fui a garota que as garotas amarravam a cara quando chegava. Eu já fui pivô de muita briga de amigos meus com suas namoradas inseguras. Eu já fui o bendito fruto entre os homens milhares de vezes. Eu saia pra beber só com homens as onze de uma quinta-feira, eu matava aula só com homens pra sentar no bar e ver o jogo do Brasil. Eu era sempre a que ia de onibus com os meninos, porque era mais divertido. Eu era sempre a que entrava no mercado com um deles pra comprar bebida, porque o pessoal do mercado quase nunca desconfia de um casal. E eu deixei de ser essa garota. Deixei de ser porque supostamente você não gosta de garotas assim. É assim que eu vivo a minha vida há séculos, o tempo inteiro tentando ser a garota pra você. E me frustrando cada vez mais. Privando minhas vontades, mudando minhas escolhas. E você cada vez mais longe. É difícil ser a apaixonada sofrida o tempo todo. Mas é ainda mais fácil do que ser a parte do casal que seguiu em frente. Porque quando eu amecei ser essa, perdi muito mais e fui muito mais julgada do que fui a minha vida inteira por todas as outras meninas que não estavam no meu lugar, no meio dos meninos. Então, quando a vida me impõe que eu tenho que ser, de novo, a pessoa que eu era, eu viro as costas pra ela e me tranco no quarto. Só que hoje eu percebi. A vida tá passando lá fora, meus amigos que antes me chavavam pra qualquer coisa, inclusive pra um pé-sujo as onze de uma quinta, fizeram novas amigas. Daqui a pouco vai ser mais difícil me lembrar de ser quem eu sou, e mais difícil de acreditar que eu consigo ser essa, de novo. Então, agora me encontro em uma crise absolutamente ridicula, onde eu calculo o que vai me doer mais quando eu perder: eu ou você. E o pior é que a resposta, ridicula, tá na ponta da minha língua, mas por enquanto, eu me recuso a deixar ela se pronunciar.

Um comentário:

  1. se eu te confessar que eu não me lembro de quem eu era antes, você acredita?
    eu não mudei por ele, o amor que eu sintia por ele me fez mudar, me fez ver as coisas de outro jeito, e enfrentar tudo e todos por causa disso.
    é... o que a gente não faz por amor, hein?

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