quinta-feira, 1 de outubro de 2009
8 gotas
Chapada, dopada, caindo pelas beiradas, anestesiada. Viveria toda a vida assim, no estado em que me encontro agora. Sem dores, com ar cedido por um aparelho metido a pulmão e sem amores. Desconheço essa palavra, esse sentimento. Deixo passar, deixo sair, respiro forte e me sinto vazia. É assim que tem que ser. Esvaziar pra encher de novo. NÃO. Encher de novo nem tão cedo. Quero isso, ser vazia. Ser oca. Ser ninguém pra ser alguém. Minhas mãos tremem anunciando que, mais uma vez, exagerei nas gotas. Não tem problema, não. Me sinto bem assim, tremendo dos pés a cabeça, suando frio. Esquecendo de mim... Daqui a pouco passa o efeito, o ar volta a circular normal e eu volto a sentir meu coração sangrar. Prefiro tremer, puxar o ar não dói. Dói é não te jeito de curar essa ferida. Respirar essa fumaça toda não dói. Dói é respirar e ter que viver em um mundo danificado pela ausência de quem nunca deveria ter ido embora. Que vontade me dá de implorar mais um pouco, chorar mais um pouco... Mas de alguma forma eu sei, eu sei que não adiantaria. Então eu deixo ir, vai, some de vista, leva meu ar... Tira meu chão. Me deixa sozinha mesmo nunca tendo se feito muito presente. Me deixa louca. Não tem problema. Amanhã ou depois aparece mais um. Já foram tantos. Mais um pra me dar a certeza de que o seu melhor substituto é esse aparelho maldito. Os dois me devolvem a vida, o ar, a energia pra seguir em frente. É isso, talvez o final feliz seja seguir em frente. Por que não? Respiro, inspiro. Ar, ar, ar. Volta a ser fácil. Volto a ser eu. Não tenho você, mas tenho a vida. Não posso desistir dela. Por mais que seja difícil continuar, você não merece tamanho sacríficio.
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"Que vontade me dá de implorar mais um pouco, chorar mais um pouco... Mas de alguma forma eu sei, eu sei que não adiantaria."
ResponderExcluirVocê escreve para mim né?! hauahuhae
Muito perfeito! queria ter metade da capacidade que você tem de escrever!
Beeeeijos