segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A saudade é que nem maré.
Ela se enche de si e me deixa quase louca, querendo gritar, esperniar, implorar pro mundo mais cinco minutinhos de chance. Depois esvazia, me deixa em paz, gostando de mim e do meu tempo. De repente, do mesmo jeito que foi, ela volta, só que ainda mais cheia. Me entorpecendo mais e quase me deixando sem saida. Quando tá assim é difícil manter o telefone quieto, o e-mail intocável. E é tudo de propósito. E virou uma rotina. Picos de maré cheia, dias tranquilos de maré baixa. Enche e esvazia, mas nunca vai embora. Tá sempre ali, pairando junto a minha sanidade, pronta pra me mandar pra um hospício quando quiser. A dor é quase física e nem Einstein explica. Dói em algum lugar abstrato, mas eu quase sinto meu corpo todo se contorcer. Pra piorar, o objeto dela não ajuda. Só piora. Deveria ser proibido esse tipo de mistério. Tantas perguntas. Nenhuma resposta e uma crise incrível de falta. Não é orgulho. É, também, orgulho. É tudo misturado e, no fim, é uma coisa só: amor demais. Deveria ser proibido, também, esse amor todo. E se eu não do jeito, quem vai dar? Quase desisto, mas não posso. E a maré enche, esvazia, vem e vai... Quase me afoga, quase me mata, quase me leva. Tanto quase que enlouquece. O que deveria mesmo, mais que tudo, ser proibido, é existir toda essa saudade.
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