sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Deus, como eu quero paz..." (Caio F.)

É que agora é assim: qualquer coisa que me tire a paz, me cansa. Sem pensar duas vezes, pertubou só um pouquinho o meu juízo, pronto, já foi pra minha listas de coisas a evitar. Tenho tentado sair o menos de casa possível, a rua se tornou uma coisa meio caótica pro meu espirito cansado demais. E quando saio de noite... Nossa! Que exaustão. Sorrisos forçados, falsas alegrias. Como eu pude, um dia, ser feliz naquelas boates, naqueles inferninhos? Tem também a possibilidade remota de encontrar com meus fantasmas no meio do caminho. Nunca encotrei, mas só de pensar em encontrar, prefiro a minha cama. Nunca dei de cara com alma penada, mas sempre encontro com quem me lembre que elas existem mesmo. Que não foi tudo só um pesadelo. Não que eu te veja assim, não se ofenda. Não que eu ache que você vai me passar algum tipo de doença e eu precise te evitar a todo custo. Eu gosto de você! Já falei, né? Gosto mesmo.... Mas encontrar com você, qualquer dia, no meio da rua, vai exigir de mim um esforço enorme pra manter no lugar tudo que eu lutei demais pra colocar. Dar de cara com você em qualquer esquina da vida, vai ser a prova de fogo que faltava pra testar essa minha nova pseudosanidade. E, sinceramente, que canseira me causa pensar nisso! Não quero seu mal, não. Nem te vejo como uma coisa ruim que aconteceu na vida. Mas encontrar você, por acaso, um dia, vai despertar alguns demônios dentro de mim. Se eu, ao menos, pudesse viver preparada. Mas viver em estado de alerta deixa qualquer um louco. Então, eu relaxei. Deixei pra lá. E pra ficar bem, evito as boates. Os lugares muito cheios. No shopping eu ainda vou. Mas só porque eu tenho essa compulsão por comprar. Mesmo assim, tem dias que eu quase prefiro me deixar jogada no café da livraria. Ali a vida é meio anos 50, sabe? Com a bossa nova nascendo, as pessoas procurando a paz de espirito... Ali eu também não preciso ligar meu alerta. Ninguém que me doa vai aparecer por lá. Alias, como as pessoas têm me doído! Uma me faz sentir dor no estômago, outra me faz querer nem enxergar. Como as pessoas têm me afetado emocionalmente! É por isso que eu fugi um pouco da faculdade... Aproveitei essa onda de feriados e me deixei bem trancadinha em casa. A faculdade é um dos lugares onde eu mais tenho vontade de gritar e bater em alguém.
Sei lá, eu aprendi que não gosto de suspense também. As esperas tem corroído meu fígado! E ele já não é lá muito saudável, cê sabe, eu bebi demais tentando não pensar. E as esperas.... Ai que agonia! Ninguém quer esperar, né? Parece insano esperar pelo amor, por uma resposta, por alguém.... Mas essa é a realidade de tanta gente! E eu me sinto explorando Deus cada vez que fecho os olhos e peço pra que você pare de me fazer esperar. Eu sei, você não me mandou esperar. E eu achava que nem tava esperando mais. Mas cada dia, que merda, é um dia de espera por você. Não daquele jeito louco de antes, pode relaxar. Eu não sou mais aquela louca. Acho que nunca fui, mas tentei testar, vai que com ela dava certo. Enfim, ser louca também me cansou muito. Eu tenho muita preguiça de fingir ser quem eu não sou. Outro dia bebi um pouquinho mais que o normal, fazia tempo que não bebia assim e me senti horrível. Entenda, eu ainda bebo. Mas só enquanto eu gosto. Tem uma hora que tudo mundo deixa de gostar do que tá bebendo. Que aquilo começa a enjoar. Era nessa hora que eu bebia ainda mais e, logo depois, você sumia da minha cabeça. Agora, geralmente, eu paro antes dessa hora chegar. Mas outro dia eu insisti. Nada demais, nenhuma catástrofe considerável aconteceu, mas que vergonha eu senti da pessoa que eu fui. Eu também ando preferindo beber só na presença das minhas amigas. Percebi que por mais amigos homens que eu tenha, e por mais meus amigos que eles sejam, nenhum homem resiste a tentação de testar até onde uma bebada é capaz de chegar. Eu nunca fui além do beijo. Até bebada sou presa nesse meu romantismo barato. Mas eu odeio me sentir usada. E não queria sentir repulsa pelos meus amigos.
Ando com preguiça de gente nova. Fiz amigos na faculdade, fiz amigos por aí, mas eles só conseguiram chegar perto porque despertaram alguma coisa de "conheço de algum lugar" em mim. Alguns eu tenho até alguma certeza que estiveram comigo em outra vida. Eu não sou sozinha. Seria contraditório demais que eu fosse. Mas eu não sou completa. Só que eu acho que, hoje, nem você me completaria. Talvez seja bobeira minha. Mas agora eu te enxergo tão diferente. Que loucura seria negar que eu fecho olho e peço em silêncio pra que você me ame, mas a verdade é que de tanto desacreditarem no amor da gente, eu comecei a duvidar dele também. E qualquer coisa que desperte dúvida em mim, me dá vontade de dormir.
Eu voltei a dormir, sabia? Tem dias que menos, tem vezes que o dia inteiro. Em algumas noites eu ainda preciso do meu remédio. Mas eu não gosto do barato que ele me dá. Odiei que o Revotril não fizesse mais efeito em mim. Esse remédio é tão mais forte e eu me sinto muito mais ferrada quando preciso dele. Mas, vez em quando, eu ainda preciso. Porém, nunca mais, que alívio, passei uma noite inteira em claro. Nunca mais vi o dia nascer sem ter nem pregado o olho. Eu acho que foi ai que comecei a melhorar da maluquisse. Tem gente que ainda deve achar que tô louca. Muita gente me conheceu indo pra rua quinta, sexta, sábado e domingo. As pessoas me ligam na sexta a noite como se eu tivesse a noite mais certa do mundo. E eu só respondo que vou ficar vendo filme. Não é depressão. Depressão era sair de casa meia noite, encher a cara, vomitar no banheiro e te mandar mensagem as cinco da manhã. Agora eu sou a boa e velha preguicinha de sempre. As coisas voltam pro lugar, aos poucos, mas voltam. Quantas pessoas me falaram que elas voltariam!
Aquele outro que eu namorei, nossa, como eu gosto dele hoje em dia! Como me tranquiliza saber que ele não me condena pelos absurdos que eu fiz, como me acalma saber que ele ainda é ele e que eu posso ser eu perto dele. Nada demais, sabe? Dois amigos que se gostam muito. Eu vivo abraçando ele, vivo abraçando meu melhor amigo também. São, sem dúvida, os dois caras que eu mais gosto no mundo. Depois do meu pai e do meu tio. Dai eu fico pensando se, um dia, eu e você seremos assim. Se alguma vez na vida eu vou conseguir te abraçar e não querer chorar. Se alguma dia eu vou olhar pra você e te admirar sem querer que você seja admirável do meu lado. Por isso que eu corro de qualquer probabilidade de encontrar com você. Nosso passado me pesa demais, ainda que menos que em outras épocas. Nossa passado já desceu na minha garganta, mas ficou presinho - sem machucar - em algum lugar pelo caminho. Eu tenho medo de te encontrar e ativar o dispositivo.
Então, eu fico assim. Me recolhendo do mundo. Me poupando das dores. Com meu pijama de gatinho e meus ursos fazendo companhia. Não tô triste. Ou tô. Mas menos dramática. Menos teatral. Menos eufórica com a minha tristeza. Eu saio por aí, um dia ou outro. Bebo umas com as amigas, danço o quanto consigo dançar. Mas cansei de extrapolar os meus limites. Só penso em ter paz. Como eu quero paz!

9 comentários:

  1. Preciso falar alguma coisa? É claro que não.
    Você tá no caminho certo, fazendo as coisas aos poucos, aos seus limites, todo mundo tem limites. Respeitar nossos limites nos mantém sãs. Então vai seguindo Jess, vai aos poucos. Você consegue, não tenho dúvidas.
    Você é forte. Muito forte. Mais do que você jamais imaginou que seria, tenho certeza.
    e você sabe que tem aqui alguém que torce pela sua felicidade, como torço pela minha própria.

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  2. Também quero paz.

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  3. fodaaa! voce é foda! [2]

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  4. Minha querida,
    Me sinto tão orgulhosa de você depois de passar este dia inteiro lendo teus pensamentos,lendo tuas idéias como se elas fossem segredos contados aos sussurros pra apenas uma pessoa.
    Presenciei o começo dessa sua mania de verbalizar tudo que passava na cabeça. Estive presente nos teus primeiros sofrimentos,nas tuas dprimeiras escobertas.
    Que emoção ver que hoje és tão boa nisso!
    Quantas vezes peguei o caderno da tua mão no meio da aula porque você não estava copiando a matéria e sim desabafando com a folha?!
    Quantas vezes quis te abraçar ao ver uma menina tão nova sofrendo por amor como gente grande.Me sinto uma parte disso tudo.Afinal, fui sua professora de português.
    E tenho muito orgulho desta minha ex aluna que sempre foi tão carinhosa comigo.
    Um beijo enorme e um incentivo do tamanho do mundo pra que continues escrevendo,
    Tia Luciene.

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  5. Nossa, chorei com o seu texto por que é exatamente o que se passa no meu coração.
    Quero paz. Não saio, não me divirto. Depressão? Não. Apenas falta de motivação. Às vezes ver um filme é bem mais convidativo que uma night. Às vezes não: quase sempre. Mas isso passa, tem que passar... tudo voltará ao normal...
    Amanhã, isso poderá acontecer novamente, a vida é um ciclo. Mas se acontecer, estaremos preparadas. Teremos que estar...

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  6. Não, não te sigo. =/
    Muitos te odeiam, outros te amam...
    Eu tinha tudo pra te odiar, mas não consigo desgostar de você.
    Talvez porque sejamos muitíssimas parecidas. Aprendí a gostar de você através dos seus textos, que por sinal são maravilhosos. Já pensou em fazer um livro?

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  7. Você sabe o quanto eu admiro. O quanto eu admiro a maneira como você escreve, como você consegue expor os seus sentimentos, os seus medos.
    Se a gente acompanhar desde o início dos textos, podemos ver a menina se transformando em mulher; aprendendo a lidar com seus medos, seus fantasmas. Crescer é isso Jess, é aprender a viver.
    Aprendi a te conhecer a partir daqui e, sinceramente, gosto muito do que conheci.
    Como um anônimo disse, eu também poderia te odiar. Poderia te odiar, porque você pôs pra fora todos os meus fantasmas. Me fez sentir coisas que eu não pensava que ainda sentia... mas graças a você, consegui lidar com eles. E hoje eu entendo o que eu sinto, mais do que nunca e isso faz com que eu goste muitíssimo de você, admire muitíssimo a pessoa que você se torna a cada dia.
    Uma vez você disse que se fechava pro mundo, mas não tem como se fechar pro mundo escrevendo esse tipo de coisas. Não tem como afastar as pessoas falando coisas não apenas com palavras, mas com tudo o que o seu coração tem a oferecer.
    Eu queria que mais pessoas tivesse a oportunidade de ler o que você escreve, assim mais pessoas poderiam sentir o que eu sinto ao ler isso.
    beijos s2

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  8. Deby, Ray, Tatah e Maria Luiza: Brigadaaaaaa =D

    Agora, TIA LUCIENEEEEE!!!!!!!!!!
    Quase chorei quando li seu comentário! Tá vendo, minha falta de atenção nas aulas continuam até hoje! ahahahahaha
    Mas brigada, brigada mesmo! Fiquei muito surpresa e contente com seu comentário. E seu apoio me deixou muito convencida. Brigadaaa, de verdade!



    Beeeeijos

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