terça-feira, 30 de outubro de 2012

Querido canalha.

Não sou sua mãe. Tenho essa mania horrível de cuidar de você quando você precisa e quando você não precisa, tenho esse instinto de querer proteger a criança grande que você é, mas preciso que você entenda: não sou sua mãe. Preciso enfiar isso na minha cabeça também. Alias, não sou nem sua namorada. Não tenho obrigação de te defender de você mesmo, não posso ter a responsabilidade de ensinar pra uma pessoa de 25 anos que o mundo não fica em volta do próprio umbigo. E não sou sua namorada exatamente porque eu sabia que acabaria virando sua mãe com o tempo. Fui mãe da minha irmã durante anos, quando eu mesma precisava de uma. Sou ainda um pouco mãe dela, mas agora ela também é um pouco minha e essa troca acaba sempre me fazendo bem. Com você não é troca, é pesado, é inconstante, é de sufocar... Não quero ser a pessoa responsável pelos seus atos impensados, não quero acordar de madrugada pra te buscar largado por ai, não quero acordar quatro e meia da manhã com seus gritos na minha janela. Quero um homem, não um filho. Por isso não quis ser sua namorada.
E eu sei, eu sei que você não faz de propósito, que não é assim porque acha bonito ou porque quer... Mas também sei que isso (só isso) que você consegue ser não é o que eu quero pra minha vida. Quero tardes de domingo na lagoa, sábados inteiros na praia, sair da balada mais cedo porque nossa cama parece bem melhor que aquele lugar cheio de gente que não nos interessa. Quero sim sentar no bar e tomar uma cerveja com um casal de amigos nossos, mas não quero ir embora do bar te carregando. Quero sim que você olhe e ache outras mulheres lindas, mas não quero te encontrar tão bebado a ponto de não lembrar de mim e se pendurar em outra. Quero sim um relacionamento, mas infelizmente ele não é com a pessoa que você vem sendo.
É difícil desapegar de você, porque você é isso tudo lá fora e outro aqui dentro. E aqui você me faz carinho, me abraça apertado e fala olhando no meu olho que se não for eu, não vai ser mais ninguém. Só que eu não quero um relacionamento com duas caras, nem com os dois caras que você é. Eu sei que você acredita nisso de que só eu vou conseguir ficar do seu lado, porque você reconhece o quanto é impossível alguém aguentar o que eu aguentei até aqui, mas chegou a hora que eu te disse que chegaria: eu também não aguento mais. Do (muito) tempo que ficamos juntos, levo o amadurecimento que você me causou. Não por querer ou por ser maduro, e sim pelo contrário disso. Levo os beijos inacabaveis que só você sabe dar, levo as brigas sempre acabadas em risada, levo os porres que tomamos juntos quando você conseguia tomar um porre e ainda ser você, as noites que ninguém sabia onde tinhamos ido parar, as horas enrolada em você. E a certeza de que meus principios são corretos e plausíveis. Vivemos coisas incríveis, mas te namorar teria sido o maior erro da minha vida.
Felicidades, pilantra. Se um dia resolver crescer, você sabe onde me encontrar!

Um comentário:

  1. 'Felicidades, pilantra. Se um dia resolver crescer, você sabe onde me encontrar!'.

    muito boom.

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