quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Encontro das águas.

Ela gostava de vestido de malha, chinelo de dedo e óculos escuros. Era louca por praia e sol. Lia todos os livros que conseguisse conciliar. Não era desse tipo de gente que sonha em mudar o mundo sozinha, não que achasse o mundo certo, mas não tinha dentro dela aquela urgência que algumas amigas tinham de mudar tudo com as próprias mãos. Ela não queria fazer história, queria escrever histórias. Sobre si, sobre os outros, sobre o mundo!
Ele queria mudar tudo, peitar os governantes, liderar as batalhas, ajeitar todos os erros que seus olhos achassem. E eram muitos! Vestia uma camisa xadrez surrada, tenis colorido e um jeans qualquer. Pegava onda daquele jeito em pé e com um remo que ela achava bonito, tomava açaí com cerveja no fim do dia e aparecia na faculdade uma vez por mês. Não lia muito, achava engraçado ela estar sempre com um livro e um caderninho na bolsa e riu por semanas quando descobriu que ela ainda mantinha um diário! Assistiu todos os grandes filmes da história, conhecia todos os rocks antigos e não podia nem ouvir falar das novas bandas de "rock" do Brasil.
Ela tinha um iPhone lotado de aplicativos, músicas... A vida inteira lá dentro. O celular dele nem tela colorida tinha. Mal tocava quando ela ligava. Internet era pra ajudar a pegar umas menininhas quando tivesse sem nada pra fazer em casa, não entendia o vicio dela naquele maldito iPhone!
Faculdades diferentes, estilo musicais opostos. A balada que ela ia, ele abominava. Os lugares que ele frequentava, ela passava longe. Ele era da maconha no finalzinho da tarde, ela da tequila no começo da noite. A única coisa em comum entre os dois era a praia preferida.
Ele nunca tinha namorado, ela nunca quis nada sério depois do último. Ela com medo de se envolver, ele se envolvendo sem perceber. Ninguém sabia bem no que ia dar aquela história, ela não pensava, ele nem reparava, mas aos poucos o rock antigo dele entrou no iPhone dela, ele descobriu que tequila combinava com o gosto dela e os dois perceberam que um final de noite juntos num bar pé de chinelo podia ser melhor do que a noite inteira separados.
Mas não tá sério, uma ou duas vezes ele chamou ela de namorada, ela só gargalhou e deu um tapa nas costas dele. Mas quando ficou doente, foi pro celular velho e capenga dele que ela ligou pedindo socorro e carinho, e ele foi. Pra ela, entende, isso valia bem mais do que alterar o status nas redes sociais.

Um comentário:

  1. Gostei gostei rs mas qnd vc quer convencer alguém com seus argumentos, só para qnd dizem sim ne?
    não apareço na faculdade uma vez por mês apareço qnd é necessario... beijo menina do diario rosa

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