terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Circo voador.

Eu sou melhor que tudo isso. Eu tenho que ser melhor do que sair por ai, com essas minhas amigas que você não gosta, beber até o olho não abrir, rebolar até a perna doer e beijar outros caras só porque achei alguma coisa neles que fosse parecida com alguma coisa sua. Quando o beijo vem, nunca é igual o seu. É só mais um beijo, de um cara que eu nunca mais vou ver na vida e que só teve vontade de me beijar porque gostou daquele decote gigante - que faz a minha pinta no peito esquerdo aparecer - que eu botei só porque sei o quanto você gosta dos meus decotes e da minha pinta. Esses caras, provavelmente, nem repararam na minha pinta e nunca vão poder reparar, não quero nunca mais olhar nenhum deles. Nem os nomes me interessam. Só o que me interessa é que nenhum deles foi capaz de tirar você da minha cabeça, um segundo que fosse. Incompetentes! Ou a sua competência que é muito grande? Foda-se, deveria aparecer e logo um cara que me fizesse esquecer de você, pelo menos, durante o beijo. Mas eu já beijei um bom número de caras e esse tal ainda não apareceu. Não sei o que dói mais: a sensação de que você nem se preocupa em achar alguém que te faça me esquecer - porque você fez isso sozinho - ou essa coisa que ficou entalada na minha garganta depois que eu soube que bem ali, onde estávamos eu e você, você beijou outra. E se eu tivesse visto? Provavelmente, eu teria ido direto pra um hospital, sem ar, ou de tão bebada que ia ter que ficar pra esquecer. Ainda tem isso, além do alcool voltar a ser uma parceria constante na minha vida, o cigarro voltou. Meus pulmões fracos de asmatica te odeiam cada vez que essa fumacinha aliviante os invade, mas eu só consigo me lembrar mais ainda de você quando vou pegar o isqueiro, porque acender meus cigarros tinha virado uma função sua, e agora eu vivo me queimando pra faze-lo sozinha. Eu me embebedo por você, eu me queimo por você, eu rebolo igual uma vadia e beijo um monte de caras por você...e ainda assim eu só te amo mais. Eu odeio qualquer um que me fala o seu nome, porque o seu nome, pra mim, é uma coisa só minha. Eu falo quando tiver condições de falar. Mas seus olhos intrigantes não saem um minuto do meu pensamento, e isso chega a me dar desespero. Então, eu lembro que a minha foto ainda tá na sua carteira, me da uma vontade louca de ter uma sua também, e é isso que eu faço, escolho uma foto bonitinha sua, imprimo e guardo em um cantinho da carteira que só eu vou achar. Agora você vai estar comigo, onde quer que eu vá. Só que pensando bem, eu não preciso da sua foto, eu tenho tão bem decorado cada uma das suas linhas, que seu retrato nunca sai por completo da minha cabeça. Ele só se transforma, as vezes, ele passa a ser um video, e nesse video você me dá um abraço, diz adeus e desce a rua. Eu vou correndo atras, mas já é tarde, você se foi. As lágrimas chegam sem pedir permissão, me invadem em uma onda que eu não consigo controlar...É essa a minha rotina, e por mais massoquista que seja pensar dessa forma, quando eu te disse sim, já sabia que esse seria o final. Você disse que foi sempre você quem saiu sofrendo das outra relações, mas nessa nossa história eu já estava tão entregue, que podia prever cada uma dessas ondas de lágrimas. Ainda sim, aceitei! Aceitei me jogar desse penhasco, que eu não posso me salvar sozinha. Preciso desses caras, que um, só um, desses malditos caras se atire atras de mim e me salve. Me salve de mim, de você...Me salve da minha vida sem você. Socorro! Eu tento gritar, mas eu já estou tão proxima do chão, que quem tá lá em cima só escuta um fiozinho da minha voz, e cá entre nós, não é qualquer cara que se atira em um penhasco por um par de peitos - que nem valem tanto a pena - e um cabelo bonito. Eu estou vendo o final chegar, posso sentir a dor de cair sozinha, pela primeira vez, me invadir. Meu tombo passa a ser em camera lenta, ou seja, ainda me restam esperanças....Um cara vai aparecer, vai me pegar no colo no último segundo, quando meus fios de cabelo já tiverem tocando no chão...Ele vai chegar correndo e me tirar desse buraco escuro e feio que eu me taquei quando te disse esse maldito sim, e ele vai trazer de volta pra mim a sensação boa que é sorrir! Mais que porra, já tô eu fantasiando de novo...quem eu quero enganar?! Só vou sorrir quando o cara for você, essa é a sensação que me consome segundo após segundo. E o chão do penhasco vai chegando, chegando. Eu vou caindo, caindo...E eu, vou me dando conta que pensar que posso ser melhor do que isso que tenho sido é pura besteira, porque eu só sou uma pessoa melhor, tendo você...por mais triste e mais fraco que seja assumir isso: nenhum batidão, nenhum chãchãochão, nenhum cara, nenhum porre, nenhum cigarro...nada nesse mundo, me faz ser melhor do que eu sou quando tenho você.

Um comentário:

  1. Às vezes paro pra pensar e acabo chegando a uma conclusão de o porque as pessoas não me entendem... porque elas não amam do jeito que eu amo. Esse jeito de amar incondicionalmente é exclusividade minha... Daí vejo você, o amor que você sente.. e comoeço a achar que talvez você me entenda, talvez você entenda a complexidade de tudo o que eu sinto. Mas continuo achando que tudo isso é exclusividade. Exclusividade minha. Exclusivida sua. Exclusividade nossa.
    As outras pessoas não são capazes de amar assim, não é possível... Senão não haveriam tantos corações partidos, doídos por aí. Se uma pessoa soubesse o que é amar assim, pelo menos uma vez, não permitiria que ninguém a quem pretendesse partir o coração sentisse isso também.
    Eu acho que o mundo não me entende. Mas na verdade, sou eu que não entendo o mundo, e nem faço questão pra ser sincera.
    Prefiro seguir com meu amor, minha complexidade, minhas forças, meu ar. E o resto? É o resto.

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