terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Nada de (novos) caras.

Eu chego no bar toda atrasada, todos me olham, esperando que eu dê explicações...mas eu simplesmente sento e peço uma cerveja. Não me importo com os olhares, nenhum deles é o seu. Minha cerveja chega e uma ponta de alguma coisa que poderia ser alegria, se você tivesse aqui, me invade. Pelo menos ela, a querida e sempre aliviante cerveja, não viaja sem um tchau. Já fazem alguns dias que você foi, e até esse momento - sentindo o alcool subir minha cabeça e finalmente me fazer relaxar um pouco - era como se eu tivesse morrido outra vez. Já morri tantas vezes desde que você apareceu...Mas mesmo morta, o tempo todo eu estive ali, disposta a ressusitar quantas vezes você desejasse. Talvez o mal tenha sido esse. Morrer e voltar tantas vezes por causa de uma pessoa indigna. Quer dizer, não que você seja indigno, mas todo esse meu sentimento por você, ah esse sim, meu bem, não é nada digno. Dignidade, a ultima coisa na qual você deve ter pensado antes de partir e me deixar aqui com aquelas palavras duras martelando na minha cabeça.
De repente, chega um cara, amigo da amiga de um dos meus amigos, e do nada essa amiga senta do meu lado e pergunta sobre meu namorado. Falo sem muito ânimo que além de não ser mais meu namorado, a essa hora você tá no meio de um monte de água, e o que é pior, deixou qualquer lembrança minha aqui, em terra firme. Então, ela diz que o tal cara - agora dou uma olhada e raparo nele, cabeça raspada, olhos iguais aos do meu pai, aquele mel quase verde, e forte, muito forte...eu babaria por ele há um tempo atras, hoje ele só me parece mais um cara que não é você - disse que achou a loirinha de roxo muito linda. Olho pra minha blusa, roxa. Opa, loirinha de roxo, eu? Digo que não, nada de caras nos próximos muitos meses, já bastam aqueles que eu beijei numa tentativa frustrada de te esquecer, mas acabei a noite onde? No seu braço. Ela insiste um pouco, mas eu sou irredutível. Nada de caras. Cerveja, cerveja, cerveja...Ela sim é bem vinda. Alguém no outro canto da mesa grita por Tequila, posso sentir meus olhos brilhando. Já tomei tantas cervejas, que essa alegria falsa, dentro de mim, me fez ficar tão feliz com duas tequilas quase quanto eu ficaria ao te ver agora. Começo a lembrar da ultima vez que misturei tantas coisas assim, mas já tô alta demais pra ser prudente. Só o que me interessa é que quanto mais alcool eu ponho pra dentro de mim, parece sobrar menos espaço pra você. E então, o tal cara surge do meu lado, olhando de perto ele parece ser tão diferente de como você era comigo e como é bonito, Deus. Mas eu resisto as três investidas. Não quero homem, hoje eu só quero ficar muito bebada e esquecer do mar, dos barcos, de você e da vida. Continuo bebendo, mas agora eu tô na pista de dança do bar, nada muito grande e eu rebolo mais contidamente, comparado a ultima vez que dancei essas mesmas musicas. Não me importo de ser uma das unicas aqui, tô tão leve...Outro cara, por Deus, será que quanto menos eu desejar mais caras irão surgir? Se ainda fosse você, mas não é, então rala. E quanto parei pra pensar em quantos pés na bunda eu dei hoje, lembro de pelo menos quatro, mas a Dani diz que foram sete. Então, ok, sete caras. Pela primeira vez, em quase um mês, eu venho pra night e saio como cheguei, sem um homem. Mas não pela primeira vez, saio completamente desmaiada.
Quando consigo retomar meus 5 sentidos, vejo o teto rodando. Olho embaixo do cobertor e tô com outra roupa, que não é minha. Opa, esse teto não é meu, essa não é a minha casa. Mas relaxo ao olhar em volta, Dani, Carla, Cela...todas ali! Tento a todo custo me lembrar do final da noite de ontem, mas nada me vem. A não ser um cara lindo de olho meio claro me pegando no colo depois que eu cai. Nem me dou ao trabalho de pensar porque cai, ando caindo tanto ultimamente que voce com certeza faria piada disso. Vejo a Cela se virando e não resisto a cutuca-la, ela me olha e pergunta se tô bem, sinto, pela primeira vez, a escola de samba que resolveu ensaiar pro carnaval bem dentro da minha cabeça, mas sorrio falso e digo que tá tudo ok.
Ela começa a contar. Desmaiei enquanto dançava, precisamente depois de muitas cervejas e da quinta tequila - não tinham sido duas? - Antes disso já chamava todos os homens dali pelo seu nome. Não vomitei, disse que não vomitaria se você não tivesse ali, então a unica opção foi me levarem ao hospital. Ótimo, além de asmatica paranóica, agora meus médicos irmão me ver como alcolatra. Não ligo. Ela continua contando, fala que chamei por você o tempo todo, que quase pegará o telefone e te ligará ela mesma, mas não sabia se eu reagiria melhor ou pior, digo que pior, com certeza. E que quando voltamos pra casa, botei pra fora de mim tudo o que me deixava daquele jeito, tequilas, cervejas e você. Cela diz que nunca me ouviu falar tantos palavrões. Dou risada imaginando a cena e me preparo pra levantar, mas caio de volta na cama ao sentir toda pressão do mundo na minha cabeça. Resolvo dormir mais uma vez, a Cela se levanta. Acordo sentindo um cheiro horrivel de café, café forte pra você ficar boa logo, diz minha amiguinha quase quem em oferece uma bala. Faço cara de nojo e me recuso. Nunca tomei café na vida. Não vou fazer mais esse sacrifício por sua causa.
Reparo na música de fundo...alguma coisa com 'just take it easy, no stress'. Levanto-me sentindo finalmente a melhora que esperava, tomo um banho gelado com aquelas palavras na minha mente. E resolvo que a partr de hoje, o dia-pós-segundo-pior-porre-da-minha-vida, seja em relação a você ou a qualquer outra coisa, eu vou apenas relaxar e não me estressar. Beijo as meninas e vou pra praia. Sabe quem eu encontro? Meu grande conforto, e que irônia, seu pior pesadelo. E nele, o pé na bunda já foi dado, mas dizem que se ganha pela insistência não é mesmo? Sem contar que se tem uma pessoa no mundo que eu conheço mais que você, essa pessoa é ele. E ele nunca iria embora sem dar tchau.

Um comentário:

  1. eu também cansei disso, sabe Jess? (É, eu sei que sabe!)
    Cansei de procurar em outras pessoas aquilo que só uma pode me oferecer (já me conformei com isso).
    Então eu sigo em frente, tentando ser feliz com apenas metade de mim. A outra metade tá por aí, mas um dia ela volta, eu sei que volta. De uma forma ou de outra, ela volta!

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