quinta-feira, 26 de março de 2009

De carente e louco todo mundo tem um pouco.

Cheguei a conclusão que tô meio psicótica. Doidinha mesmo, e nem é aquele doidinha de falarem "ah que bonitinha a louquinha, vou dar uns pegas nela, tão gracinha com a loucura dela!", não mesmo. É malucona, daquele jeito que só você foi capaz de aguentar. Foi né, porque quando o bicho pegou mesmo, nem você, nem ninguém ficou. Só o Christopher, meu filho peludo. Nosso filho peludo, que nem lembra mais da cara do pai dele, coitado. Alias, coitados dos outros caras que passam por mim. Só passam, feito brisa em tarde quente carioca, chega e vai embora. Você é... eu nem sei com que fenomeno da natureza eu posso te comparar, por que na verdade, assim no duro mesmo, não existe nada comparável a isso que você faz acontecer em mim. Essa coisa que me deixa maluca e psicótica e espanta qualquer cara, que não seja você, de perto de mim. E aí, como você sabe que em certa época do mês eu fico mais a perigo do que gata miando enlouquecidamente no telhado, e que nenhum outro cara vai durar tempo suficiente pra eu liberar geral, você aparece. Lindo. Moreno. Grande. De carro alto. Perfume cheiroso. Cabelo bagunçado e voz rouca. Oferecendo o que eu quero ganhar e pedindo o que eu quero ceder. E faz eu me sentir protegida do mundo. E faz eu sentir calor em lugares que eu esqueço que existem quando você tá longe. E faz eu querer mais, mais, mais. E faz eu achar que posso com o mundo. Mas você mata sua vontade, e vai embora. E eu percebo que a única pessoa que ainda me protege do mundo é meu pai - e eu apronto tanto que daqui a pouco nem ele. E o calor passa, eu só sinto frio, frio, frio. Frio no coração, e em todos os outros lugares. E eu só quero mais, mais e mais a minha cama, com meu filho peludo agarrado em mim. E entendo que eu não posso nada com o mundo, nem um fio de poder. Nadinha. O mundo também não pode comigo, ninguém pode comigo. Ninguém me aguenta, nem você, nem o mundo. Mas não é porque eu sou foda não. Muito pelo contrário. Foda é ter que me aguentar. Vê se pode, eu só preciso de um pouco de carinho seu, mas por sua causa, espanto todo mundo, inclusive você. Tão irônico que eu chego a me perguntar se é castigo, por ter sido tão irônica a vida inteira.
Pra piorar tudo, ainda tem aquele ex meio bizarro, que o tempo todo eu me pergunto no que eu tava pensando quando dei pra ele a chance de ser meu ex. Não deveria ser nada. Nadinha. Mas eu sou meio louca, viajei na batatinha e putz, namorei ele. Agora o coitado deu de achar que só porque me encontra todo dia, antes das sete da manhã, no ponto entre o meu cursinho e a faculdade dele, que voltou a ter direitos sobre mim. Minha vontade é grita um coooooooooitadooooo bem grande pra ele. Mas, pensando bem, no fundo, no fundo, eu deveria gritar coitado pra todos os outros, e isso ia dar um trabalho. Então eu abro um sorriso meio falso pra ele, não levanto os óculos escuros, as vezes até finjo que não vi e fico na esperança dele não me chamar. Mas ele chama, o desgraçado. E vem, cheio de tentaculos, pra cima de mim. Eu quase faço o sinal da cruz. Só quem deveria fazer o sinal da cruz e um bom exame mental é ele. Ora, se o motivo pelo qual ele virou mais um ex na minha vida, foi você. E se todo mundo sabe que eu respiro você, que diabos ele quer comigo, antes das sete da manhã? Rala, meu filho, mete pé. Mas ele insiste em carregar a porra do caderno da Moranguinho que minha bisa me deu. (Ah, minha bisa também me protege do mundo. Mas que meu pai e que você. Rá, minha bisa me ama.) Eu amo a minha bisa, mas ela errou feio escolhendo a Moranguinho pra esse ano. Primeiro porque aquele cheiro artificial do caderno me dá uma puta dor de cabeça. Segundo porque ele me lembra uma suburbana brega pra cacete que meu outro ex pegou, enquanto ele ainda era só meu rolo. A garota saiu lá da puta que pariu, pra estudar na Tijuca e pegar o garoto que me arrancava suspiros. Mas o que me irrita nem é isso, ela ter ficado com ele é o de menos. O que me irrita mesmo é que essa porra de cheiro de morango artificial que não cheira nada a morango, me lembra que a única garota que atrapalhou meu caminho e eu não me vinguei, foi aquela breguinha! A garota era brega, esquisita, pegou o garoto que eu achava que podia me fazer te esquecer e eu não me vinguei dela. Tudo bem, namorar ele logo depois foi uma vingancinha, mas não chegou nem perto das outras maldades que eu já fiz na vida. Mas eu tava entorpecida demais achando que finalmente tinha achado um cara que ia te tirar de dentro de mim. Mas nada. Antes ele tivesse namorado a breguinha. Ia ter evitado meia dúzia de textos catastróficos meus e esse buracão entre nós dois seria menor, bem menor. E eu ainda teria um bom amigo. Porque justiça seja feita, esse dá até um orgulhosinho de dizer que é meu ex. O cara é gente boa, gato, cheiroso também. Se eu não fosse tão maluca, teria dado certo, mas né, em coisa de maluco não se dá pitaco. E só você entende que minhas doidices devem ser caladas de outra maneira, que não sejam intermináveis brigas no mensseger e na portaria do meu prédio. Outro coitado. Mas pelo menos um coitado gato, que me superou bem rápido e partiu pra cima de outra, enquanto ainda me dava uns beijos no verão. Mas esse cara do ponto de onibus, puta merda, eu quase te ligo desesperada e peço pra aparecer. Só pra ele lembrar porque desistiu de fazer dar certo. Aloooou, eu só do certo com Ele, lembra? É, ele não lembra. Nem você. Mas o fim do mês tá chegando... Deixa só você aparecer com cara de "te como muito". Come, é? Sabe aquele meu ex que a única coisa mais bizarra que ele, é como você sente ciúmes dele? Ele também me olha com cara de "te como muito", toda manhã e ainda mora pertinho, pertinho. Mas, você sabe como é, maluco que é maluco dá valor pra coisa pequena. É só você sumir menos, me olhar com essa cara ai mais vezes e talvez, quem sabe, assim, só por acidente, andar de mão dada comigo por aí, que eu até esqueço que tenho ex. Todos eles. Só você no mundo. (Depois eu digo que não mereço ser castigada com a irônia do Universo!)

Um comentário:

  1. AAAAAAAAH.
    essa cara de "te pego na hora que eu quiser" dá tanta raiva........... mas é tão irresistível! Me sinto orgulhosa quando consigo resistir a ela, e aaaah como é dificil.
    mas quem nunca fez isso, né? Sou culpada, confesso!

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