segunda-feira, 9 de novembro de 2009

É isso.

A dor agora é diferente. É um luto cheio de saudade, mas conformado. Como se você tivesse ficado doente por muito tempo e já ausente da nossa vida. O sofrimento era meu, que parmaneci ao lado do seu corpo, já sem cosciência, em todos os minutos desde o dia que você se afundou no seu mundo e por lá ficou. A morte, por mais que tenha sido uma medida dolorosa e drástica, aliviou o sofrimento. Você está melhor onde está, e eu tratarei de ficar melhor aqui, onde estou e sem você. Lembranças traidoras me ameaçam todos os dias, mas eu resolvi não lembrar de você com rancor por ter me deixado, e sim com alegria por ter feito tão bem a minha vida no tempo que esteve presente nela. O que veio depois foi culpa só minha, que guardei seu lugar mesmo sabendo que você não voltaria. E eu apaguei todas essas más memórias. Você morreu e isso é triste. Porém, não é mais triste do que ter te transformado no vilão da história. Agora acabou. Acabou o drama, acabaram os apelos, o tanto implorar. É só seguir em frente, seja lá o que isso quer dizer. Cada dia que passa eu consigo te transformar mais em um, dois ou três capitulos lindos do meu livro da vida, e cada dia mais eu entendo que vai ser só isso. Nesse livro não tem espaço pra outro capitulo inteiro dedicado a você. Vai ser pra sempre a minha referência de que amor pode dar certo, mas não adianta insistir. Amor dura sim, e porque não pra sempre?! Mas muda. E quando chega a fase de amar à distância, como lembrança e não como presente, é isso que deve ser feito. Matei você pro bem de nós dois. É mais fácil conviver com você morto dentro de mim, do que com você tão ausente. A dor ainda dói sem parar, mas entre a dor de poder lembrar de você sem culpa e a dor de me obrigar a não lembrar, escolhi a primeira. Sua vida-após-o-dia-que-eu-te matei-em-mim não me interessa. Não muda o fato de que você se foi. Nos coloquei em planos espirituais diferentes. Tudo que acontecer com você, daqui pra frente, não me cabe. Eu sei que você vai olhar por mim de vez em quando. Eu vou continuar rezando por você todos os dias. E pronto, é esse o limite. Do fundo do coração: felicidades. Pra você e, principalmente, e sem me preocupar em soar egoísta, pra mim. Sinto muito pela sua morte, mas é só isso que eu posso fazer: sentir e te deixar ir. Talvez pra todo o sempre.

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