domingo, 20 de dezembro de 2009

tê érre i ene tê a

Tá chegando. Tá logo ali, daqui exatos dez dias. E eu tremo só de pensar. Me falta o ar só de pensar. São (ou seriam?) cinco anos, afinal. De coisa concreta, de relacionamento assumido, cristalino, claro e fácil. Porque sempre foi fácil. Ficou difícil depois. Quando uma parte desistiu. Mas aí, também deixou de ser relacionamento. E o tempo parou de ter importância. E só eu continuei contando. Só eu continuei vivendo. Só eu esperei, e sim, ainda espero. Deus ganhou múltiplos significados ao longo disso. Foi vilão e foi mocinho inúmeras vezes em um único dia. Deus não deve me aguentar mais!
Agora eu peço desculpa por tudo, até pelo que nem tenho culpa. Deixo a outra me dominar na maior parte do dia, porque enquanto eu tô escondida dentro dela, ele tá morto dentro de mim. Mas entregar a minha vida na mão dessa maluca é uma maluquisse que nem ela cometeria. E sempre sobra pra mim limpar a sujeira que ela deixa. E sentir o remorso de mais uma vez ela ter me espalhado no mundo, me deixando ainda menor pra ele. Ainda que ele nunca vá voltar, eu odeio quando ela me espalha por ai. Porque ficar inteira, presa em mim e na minha saudade é a única (e nem tão segura) garantia. Acordar sendo eu, e não ela, é cada dia mais complicado e dolorido. O estômago embrulha, o coração quase para. O pulmão nem dá sinal de que quer funcionar. Acordar sendo eu é um verdadeiro desafio. Porque ela sabe conviver com a solidão, eu não.
Só que a situação é tão critica que nem ela quer acordar daqui dez dias. Esse amor é tão grande que nenhuma que existe dentro de mim quer abrir o olho. Mais fácil aguentar uma faca enfiada no coração. Mas fácil encarar um leão, sozinha. Acordar todo dia já é suficientemente ruim. Acordar daqui dez dias vai ser prova de resistência. E dezembro passado também foi. Será que o próximo ainda vai ser? Dá vontade de jogar todas que eu tenho da janela cada vez que eu lembro que todo dezembro tem um dia trinta. E que até o fim da minha vida os dezembros e seus dias trinta vão existir. Mas nem disso eu sou capaz. Nem pra ter coragem de acabar, de uma vez por todas, com essa dor insuportável eu sirvo.
Mas se meu pulmão pegar - sempre no ultimo minuto, quando eu já acho que tô vendo a luz - de novo e eu sair dessa inteira, eu juro que posso tentar. Posso tentar ser sempre a outra. Posso fingir que esse amor nem existe e que essa dor nem me atingiu. Posso tentar ser quem eu nasci pra ser e não essa que eu virei depois dele. Mas jurar e tentar são palavras de efeito, sem efeito. E então, me restam sempre aqueles quatro finais pros meus textos: Por que não eu? Por que desse jeito? Volta? E eu te amo.

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