sábado, 24 de abril de 2010

(Inter)pessoal.

Eu gosto de gente que faz eu me sentir gente. Ainda que eu insista, persista e quase persiga gente que faz eu me sentir... Nada. É diferente. Só não sei verbalizar essa diferença. Um amigo, pra virar meu amigo precisa primeiro querer muito ser meu amigo. Meu gênio é ruim, meu signo não é dos melhores e, pra piorar, a primeira vista eu sou orgulhosa quase beirando antipátia. Pra me conhecer, pra fazer parte da minha vida, sem dúvida nenhuma, o ponto principal é o quanto se quer isso. O segundo é paciência. Nem sempre eu sou boa no que faço, quase nunca eu sou coerente e raramente eu não levo uma pessoa pro caminho contrário do que os outros julgam o certo. Mas há quem diga que virar meu amigo é um bom negócio. Sigo tendo fé nessas pessoas e sempre me esforçando pra compensar o trabalho que vivo dando.
Mas pra ser objeto de minha adoração... AHH, ai, sim, é fácil! Basta ignorar. Basta não reparar na minha presença, fazer pouco caso da minha existência... E tudo aquilo que os livros de auto-ajuda ensinam. Eu, com certeza, sou público alvo de pesquisa pros autores de auto-ajuda. E vai explicar uma leonina correndo tanto atras? Virando noites e noites.... Vai explicar uma leonina no fundo do poço!!! Cá estou. Explicação eu não tenho, mas o fato é fato e ninguém muda.
Tive dois namorados que considero terem sido sérios. Um era exatamente eu. Os amigos sabiam, as famílias sabiam e nós dois sabíamos! Eu de calça, ele de saia... Tanto faz. Foi meu parceiro mesmo, meu melhor amigo o tempo todo em que esteve comigo. Ainda que não tenha sido muito tempo. Hoje, é uma das pessoas que mais tem o meu carinho na vida. Por tudo que passamos e superamos. Um querido sem tirar nem por.
O outro.... Era o oposto de mim, até então. Ele ajuizado, eu sem juizo. Ele focado, eu sem foco. Ele interessado, e eu sempre com sono. E como minhas atitudes foram julgadas! "O que você fez foi errado, Jéssica. Isso não se faz. O menino era louco por você, engoliu o mundo e o orgulho inteiros pra ficar contigo. Você errou e a culpa foi toda sua." Foi mesmo? Toda minha? Só eu errei? Tempos depois, olhou-se pra tras. "A gente não vai mais machucar um ao outro, tá?" Parou de provocar? Parou de querer fazer doer? Parou? Esse é você parando? "Eu não quero te fazer sofrer" Aquele era você não me fazendo sofrer? E aí... Tudo virou amargura. Asma de amargura, insônia de amargura, dez quilos de amargura. Berotec, Revotril, soro na veia pra combater amargura. E sempre essa vontade de vomitar tudo pra ver se a amargura sai junto.
Se ainda tem amor? Talvez tenha, num cantinho, escondido pela frustração e camuflado na saudade... Mas ainda que o mesmo exista, nada desfaz o que eu virei. Nada cura essa doença de querer voltar no tempo só pra não carregar por tanto tempo a culpa.
E a história não tem moral nenhuma não. É só pra mostrar que pela lei dos encontro, nem todo mundo que chega, chega com uma boa bagagem e deixa uma boa herança. Cabe a nós, e só a nós, o seguir em frente.
Ai, então, que o bicho pega.

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