domingo, 27 de junho de 2010

A senha é...

Eu sinto falta do nariz arrastando no rosto, de uma mão apertando a do outro, do abraço sem motivo, da voz rouca no ouvido, da força que se faz só porque é com força que a gente é feliz. Sinto falta da não-solidão e depois da solidão a dois. Do pé esquentando, dos dentes mordendo, do carinho bruto. Do sorriso eu sinto falta, mas não gosto de lembrar porque dói. Tanto quanto doía quando se ia fundo demais. Eu sinto falta das dores físicas que nosso amor-demais causava. Mas não sinto nenhuma saudade da dor emocional que seu desamor trouxe. Seu cheiro se faz presente em cada momento desnecessário que até parece piada de alguém lá no Céu e, as vezes, olha que loucura, eu deito pra dormir e sinto você exatamente atras de mim, colado, encaixado… Como se nunca tivesse saído. De vez em quando, só porque ser louca não me assusta mais, eu escuto a sua voz. Eu sinto falta de fazer graça sem graça e de você achando graça, sinto saudade de você rindo da minha cara porque eu sou cega assim mesmo e me recuso a andar na rua de óculos. Falta virou palavra chave na minha vida. A senha pro melhor passado que já existiu. E quando eu tô andando na rua, sempre tenho a impressão de que vou te encontrar. Treino na minha cabeça o que vou dizer, a cara que vou fazer… Mas a verdade é que pouco importa, não vai ser você e mesmo que eu aperte o olho, não vai ter graça. Nem piada sobre índio, pipoca…. Nada, nada, nada.
Eu sinto falta de amar alguém, porque amar você é não-amar nada, nem a mim mesma.

Um comentário:

  1. "Eu sinto falta de amar alguém, porque amar você é não-amar nada, nem a mim mesma." :( Super eu.

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