Enchi meu peito de uma coragem que eu nunca tive e confessei, sem mais nem menos, todas minhas vergonhas. Só Deus sabe o quanto aquele e-mail me doeu. Porque eu enterraria aquela fase da minha vida como se enterra um segredo podre, teria guardado em um cofre e jogado a chave em alto mar junto com o corpo do Osama. Mas primeiro confessei pro meu urso, depois achei que a sua figura real deveria saber também daquelas coisas. Escrevi tudo aquilo sentindo farpas embaixo das unhas, ouvindo garfos arranhando pratos, unhas arrastando em quadros, e mil cachorros latindo. Uma tortura com milhões de torturas abrangentes. Mas eu confessei. E tenho a sensação de que daqui a pouco te encontrar possa não ser mais tão pavoroso quanto me parece hoje.
É estranho porque em alguns dias eu, simplesmente, preciso de qualquer coisa sua. Lembrança, notícia... Rejeição. Qualquer coisa que me lembre e logo depois me faça esquecer o porquê deu ter te amado tanto, ter te querido tanto, ter te dedicado tanto tempo. E, sem querer, de vez em quando eu alimento a esperança minuscula que restou em mim de que um dia você volta. Quando eu era louca eu tinha certeza que cê voltaria e falava isso pra todo mundo. Hoje eu tenho certeza que passou, mas dentro de mim tem essa mísera parte que vez ou outra grita por alimento. E eu ainda não sou assim tão forte de ignorar esses berros. O que importa é que antes você me feria tanto e agora você é só um esbarrão numa ferida cicatrizando: incomoda, mas nem de perto se compara a dor de quando o machucado aconteceu. Você é isso. Isso e mais um monte de coisas, de causas, de vergonhas, de lembranças. Boas, ruins... Você agora tem rosto de quem não deveria estar. Sabe como é? Rosto de quem aparece nas lembranças por erro de alguém lá em cima.
E foi isso que me fez achar no fundo de mim alguma coragem forçada e escrever, diretamente pra você e não como escudo desse blog, o quanto eu sinto muito pelas mentiras e o quanto eu desejo que, um dia, eu deixe de ter cara de quem não deveria estar pra você também. Que você lembre de mim com o carinho que a fase linda da história da gente merece.
Desculpa, de novo. Aceita, vai?! Eu já te dediquei tanto amor um dia...
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